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Família de Odair Moniz acusa polícia de arrombar porta de casa. PSP não confirma

Família de Odair Moniz acusa polícia de arrombar porta de casa. PSP não confirma

Sobrinha diz que ela e um grupo de amigos que estavam à porta do prédio fugiram da PSP, que arrombou depois a porta. PSP diz não saber de qualquer agente a entrar em casas. Houve “roubo” de autocarro.

“Arrombaram a porta”. Em declarações ao PÚBLICO, a família de Odair Moniz acusa pelo menos três agentes da equipa de intervenção rápida da PSP de entrarem em casa do falecido pelas 20h desta terça-feira, no bairro do Zambujal, na Amadora.

Débora, 19 anos, sobrinha de Odair, diz que um grupo de amigos e familiares do tio e do filho estavam em grupo junto à porta do prédio a conversar. Ao longo do dia, foram chegando e saindo pessoas em apoio aos familiares - como o PÚBLICO constatou quando lá esteve. A determinada altura, segundo conta Débora, estavam muitos polícias na rua que se dirigiam a eles.

“Começámos a entrar para dentro do prédio e de casa do Odair. Como fui das últimas, quando fechei a porta, os polícias começaram a arrombar. No momento em que entrei, eles deram-me com cacetetes das costas ao rabo”, acusa.

A PSP não confirma, diz que não tem conhecimento que essa situação tenha ocorrido, mas está a tentar apurar informação. "Que tenhamos conhecimento, não houve qualquer agente da PSP a entrar nas habitações. A nossa preocupação é a reposição e manutenção da ordem pública. Foi roubado um autocarro à Carris que foi incendiado, o que provocou uma desordem" no bairro.

Segundo Débora, no bairro pegaram fogo a um autocarro, numa zona diferente daquela onde estão. “Nem estávamos a mandar bocas. Estávamos mesmo só à porta”.

A cunhada de Odair, Sílvia Silva, referiu que em casa estavam pessoas idosas, a viúva e muitas mulheres que testemunharam o sucedido e que, a dada altura, colocou-se à frente dos polícias e gritou que estavam em casa do falecido. Terá sido aí que os agentes se foram embora, refere.

Depois de, na noite de segunda-feira, vários caixotes terem sido incendiados no bairro em protesto contra a morte de Odair Moniz, esta terça-feira um autocarro da Carris foi incendiado. À Lusa, uma moradora relatou que o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura.

Ao local foram chamados os Bombeiros Voluntários da Amadora e está presente um forte contingente policial, com a Unidade Especial de Polícia e um perímetro de segurança montado no bairro.

Odair Moniz morreu em sequência de dois tiros de um agente da PSP disparados contra si. Segundo o comunicado da PSP enviado na segunda-feira, o disparo deu-se em sequência de uma fuga de Odair Moniz da PSP, mas esta força policial não explicou por que razão houve essa fuga. O agente foi constituído arguido depois de ouvido pela Polícia Judiciária, indiciado por homicídio. O cidadão cabo-verdiano vivia em Portugal há mais de duas décadas e era cozinheiro num restaurante em Lisboa. Deixa três filhos, de 19, 18 e dois anos.

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