rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 17 out. 17:00

José Maria Ricciardi. "O doutor Salgado fazia tudo o que queria e sobrava-lhe tempo"

José Maria Ricciardi. "O doutor Salgado fazia tudo o que queria e sobrava-lhe tempo"

Primo de Salgado e ex-presidente do BESI apontou que entregou ao Banco de Portugal um documento assinado por seis dos nove membros do Conselho Superior do GES a propor a saída de Ricardo Salgado.

O ex-presidente do BESI e primo de Ricardo Salgado afirma que só soube da falsificação e do buraco das contas do BES no final do ano de 2013, tendo avisado o seu pai para não contribuir no aumento de capital para a redução de dívida, instrumentalizado pelo ex-presidente do grupo.

No terceiro dia do julgamento do caso BES/GES, José Maria Ricciardi afirmou que só teve conhecimento das contas instáveis da Espírito Santo International (ESI) a 1 de setembro de 2013, tendo-lhe sido explicado na altura que se tratava de um erro na consolidação das contas.

Começando por se identificar à juíza Helena Susano no Campus da Justiça, em que indicou trabalhar na “atividade financeira” e esclarecendo que não conhece metade dos arguidos do processo, José Maria Ricciardi indicou os cargos que ocupou no Grupo Espírito Santo, desde presidente da comissão executiva do BESI ao lugar no Conselho Superior do GES com outros ramos da família Espírito Santo.

Em resposta ao Ministério Público, Ricciardi indicou que em outubro de 2013 - dez meses antes da queda do BES - apresentou ao Banco de Portugal um documento assinado por seis dos nove membros do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) a propor que Ricardo Salgado saísse.

"Salgado fazia tudo o que entendia e ainda lhe sobrava tempo. Naquela altura, a narrativa era de que tinha havido má consolidação das contas, que alguém se tinha enganado. Estávamos a viver essa narrativa", explicou em audição no tribunal.

O aviso ao pai e a revelação de Machado da Cruz

O ex-administrador do BES, que não escondeu críticas a Salgado pela responsabilidade no colapso do GES, já tinha prestado depoimento em vários processos com ligação ao BES ou a Salgado, indicando agora que se apercebeu mais tarde que "os aumentos de capital do grupo estavam a ser financiados pelo aumento de dívida da ESI".

E que chegou a avisar o pai, António Luís Ricciardi, a não entrar: "O meu pai contribuiu e perdeu tudo. Eu bem lhe disse para não contribuir."

Ricciardi falou ainda sobre a revelação do contabilista do GES, Francisco Machado da Cruz, sobre a falsificação de contas por Ricardo Salgado antes da queda do banco.

"Em maio de 2014 chegou-me um papel às mãos, em que Francisco Machado da Cruz disse no Luxemburgo que não havia nenhum erro de consolidação, mas uma falsificação das contas por Ricardo Salgado", disse.

NewsItem [
pubDate=2024-10-17 18:00:12.0
, url=https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/10/17/jose-maria-ricciardi-o-doutor-salgado-fazia-tudo-o-que-queria-e-sobrava-lhe-tempo/397884/
, host=rr.sapo.pt
, wordCount=391
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_10_17_907629457_jose-maria-ricciardi-o-doutor-salgado-fazia-tudo-o-que-queria-e-sobrava-lhe-tempo
, topics=[informação, país]
, sections=[sociedade]
, score=0.000000]