www.publico.ptpublico.pt - 26 jul. 05:00

Cartas ao director

Cartas ao director

Amigos prováveis, mas incorrigíveis

Em 16 de Agosto de 2021, tive o gosto de ver publicada no PÚBLICO uma carta que intitulei “Tanto mar”, em que me declarei eternamente grato a Biden por nos ter livrado de Trump, mas sem esquecer o que os norte-americanos, sob o seu comando, tinham acabado de fazer a milhares de afegãos a quem tinham jurado protecção, depois de os aliciarem para a sua causa. A ter de repetir o agradecimento, será a outra pessoa, e oxalá venha a ser Kamala Harris, a provável candidata democrata à presidência dos EUA, que desejo ver a humilhar retumbantemente Trump, “esmagando-o” no campo da misoginia, do racismo e da decência.

Tratando-se dos EUA, já estamos habituados a ver frustradas as nossas ilusões, pelo que não ficarei admirado por Kamala, se eleita, continuar a dar apoio “incondicional” a Netanyahu. Este “magarefe” conseguiu a proeza de, mais uma vez, ser ouvido nas mais altas instâncias norte-americanas, com honras de Estado, não se coibindo de agradecer todo o apoio (em armas e não só) a Biden, mas também a Trump. A ausência de Kamala na sessão é de aplaudir, mas nada de bom garante aos palestinianos.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

A lógica da batata

O PRR está atrasado, sobretudo nas grandes obras. É reconhecido que faltam cerca de 80.000 trabalhadores na construção civil, pelo que a execução dessas obras dentro dos prazos está comprometida, e com ela o risco da perda de muitos milhões de euros de financiamento comunitário. A única alternativa é admitir mais imigrantes, que de imediato forneçam a mão-de-obra em falta. Perante este cenário, o que faz o Governo? Dificulta o acesso de imigrantes abolindo o sistema que permite a regularização dos imigrantes ilegais, exigindo um visto passado por um consulado português. Como pergunta um dirigente duma associação brasileira: vai fazer um cidadão andar milhares de quilómetros para obter um visto? (…) Cedendo à extrema-direita, o Governo vai agravar o problema, penalizar a economia e correr grave risco de perder milhões de financiamento; chama-se a isto a lógica da batata.

José Cavalheiro, Matosinhos

O Pisão já foi

O PÚBLICO apresentou ontem um excelente ponto de situação do estado do PRR. Se me é permitido, tiro duas conclusões. Em primeiro lugar, mudou a narrativa. O atraso deixou de ser um problema de incapacidade do governo português (o anterior) para passar a ser um problema quase geral, o que vai obrigar a Comissão Europeia a rever regras e, fatalmente, prolongar prazos. Em segundo lugar, fica claro que estes atrasos são a oportunidade que o actual governo esperava para deixar cair projectos muito caros ao governo anterior e substituí-los por projectos da sua lavra. À cabeça, a barragem do Pisão (Crato), uma obra de regime do governo PS e com quase tanto tempo como Alqueva para ser construída, já era. Vai cair com estrondo (pouco), porque o Alto Alentejo, despovoado e com poucos eleitores, conta pouco.

J. Sequeira, Lisboa

CPI às gémeas, parte 2

Ouvi mais duas audições (Maria João Ruela e Francisco André) e a minha grande desilusão sobre o trabalho da maioria dos deputados que estão na comissão continua. Vários deputados repetem perguntas que já foram feitas. Alguns parecem arrogantes nas perguntas que fazem. Parece que estão sempre desconfiados com o trabalho das pessoas – parece que não há pessoas honestas. Acham estranho o encaminhamento ser igual, vindo da Presidência da República ou de outro sítio/cidadão – porque será? Eles não tratarão todas as pessoas da mesma maneira? É preciso ter uma grande calma para não ser incorrecto nas respostas que se dão aos deputados. (…) Enfim, é irritante assistir a isto. Será também por isto que as pessoas não votam?

Porfírio Gomes Cardoso, Lagos

Pedro Norton

Gostei do artigo desta semana de Pedro Norton, como, aliás, costumo gostar. É bem necessário explicar o perigo que Trump representa e não esquecer como alguns dos “checks and balances” americanos estão deteriorados, como é o caso do Supremo Tribunal e de outros tribunais com juízes cirurgicamente nomeados. E é igualmente necessário mostrar a importância das convicções, regras, hábitos (o que Pedro Norton chamou instituições imateriais) na manutenção da democracia. Só é infeliz escrever “É uma ilusão acreditar que os extremismos, de direita, mas também de esquerda, estão a ser travados na Europa. Onde estão os ameaçadores extremismos de esquerda na Europa?

M. Helena Cabral, Carcavelos

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