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Fundação Cupertino de Miranda em Famalicão lamenta morte do artista Sérgio Lima

Fundação Cupertino de Miranda em Famalicão lamenta morte do artista Sérgio Lima

A Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão, lamentou hoje a morte do pioneiro do surrealismo no Brasil, o artista plástico e escritor Sérgio Lima, do qual possui mais de 130 obras no seu acervo.

O artista plástico morreu na quinta-feira, em São Paulo, Brasil, aos 84 anos, segundo a imprensa brasileira.

Sergio Lima, nome artístico de Sergio Cláudio de Franceschi Lima, nasceu em 29 de dezembro de 1939, em Pirassununga, no interior do estado de São Paulo e, como explica a fundação portuguesa em comunicado, foi o grande dinamizador do Grupo Surrealista de São Paulo.

A Fundação Cupertino de Miranda recorda que Sérgio Lima foi programador e diretor do Arquivo de Documentação da Cinemateca Brasileira, o que lhe possibilitou uma bolsa de estudos para especialização em pesquisa histórica, cinematográfica e iconográfica na Cinémathèque Française e na Bibliothèque Nationale de France, no início da década de 1960.

"Chegado à capital francesa, Sérgio Lima contactou com André Breton e, a convite deste, [integrou-se] no Movimento Surrealista em 1961. Expôs as suas obras no café La Promenade de Venus e colaborou com a revista La Brèche - Action Surréaliste", acrescenta a fundação portuguesa.

Em 1965, Sérgio Lima criou o primeiro grupo surrealista do Brasil e, dois anos depois, organizou em São Paulo a XIII Exposição Internacional do Movimento dos Surrealistas - I Exposição Surrealista no Brasil. A revista A Phala, que coordenou e editou, teve a sua génese nesta exposição servindo também de catálogo da mostra.

Sérgio Lima expôs regularmente no Brasil, consolidando a notoriedade internacional sobretudo a meio da década de 1980, com exposições fora do país, em cidades como Lisboa, Buenos Aires, Toronto, Praga, Madrid, Santiago do Chile, Paris e Santa Cruz de Tenerife.

Doutorado pela Universidade de São Paulo, estreou-se nas letras com "Amore", em 1963. Em 1995, iniciou a publicação de "A Aventura Surrealista", projeto com que se propunha coligir as ideias e as produções do movimento surrealista no Brasil e no mundo.

"No ano de centenário do `Primeiro Manifesto Surrealista`, 2024, a Fundação Cupertino de Miranda, em parceria com Sérgio Lima e outras entidades, planearam algumas exposições que marcam este momento tão importante para o surrealismo internacional", conclui a fundação portuguesa, que sublinha: "Este artista está representado na coleção da Fundação Cupertino de Miranda com mais de 130 obras".

Como escritor e pintor, Sérgio Lima estabeleceu um diálogo muito próximo com o poeta e artista do surrealismo português Mário Cesariny (1923-2006), tendo sido publicado, em 2019, o volume de correspondência "Sinal Respiratório - Cartas para Sérgio Lima", pela editora portuguesa Sistema Solar.

A troca de correspondência entre ambos teve início com a montagem da I Exposição Surrealista do Brasil, em 1967. A partir daí, como recordou Sérgio Lima quando da publicação do livro, a "correspondência vai se estender larga e loucamente, com umas poucas interrupções até 1995 e depois torna-se rara e muito espaçada".

"Mesmo assim - prosseguiu o artista brasileiro, no texto de apresentação da obra - vigorou sempre a parceria e cumplicidades que culminariam com a entrevista em vídeo que lhe fiz, em fins de junho 2006", a poucos meses da morte do artista português.

Para o curador e investigador Perfecto E. Cuadrado, coordenador do Centro de Estudos do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda, "o Surrealismo é justamente o mar de descobertas e naufrágios onde navegaram juntos Mário Cesariny e Sergio Lima, junto a muitos outros que sentiram a necessidade e a urgência românticas de sair da caverna à procura da luz e do caminho para a conquista do Absoluto."

A editora Sistema Solar, na página que dedica a "Sinal Respiratório", indica que Sérgio Lima vivia em São Paulo, "num pequeno bosque verde cercado pelo bares da Vila Madalena".

O funeral do artista e escritor realiza-se hoje no cemitério Paz do Morumbi, em São Paulo, Brasil.

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