expresso.ptexpresso.pt - 26 jul. 17:10

Jogos Olímpicos 2024: camas de cartão? Para a comitiva portuguesa, não

Jogos Olímpicos 2024: camas de cartão? Para a comitiva portuguesa, não

Tal como nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a maioria dos atletas tem nos quartos camas de cartão. A comitiva portuguesa, porém, conta com camas próprias desenhadas pela marca Ergomotion

Em 2021, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, as infames ‘camas anti-sexo’ atribuídas às comitivas de cada país geraram polémica. A Tribuna Expresso dava conta de camas “feitas de cartão”, supostamente por serem mais sustentáveis, mas alegadamente com objetivos ulteriores. De acordo com o que foi divulgado na época, sendo mais leves, estes estrados não aguentavam o peso de duas pessoas, impossibilitando relações sexuais entre atletas na aldeia olímpica.

Os atletas chegaram esta semana a Paris, para o arranque oficial dos Jogos Olímpicos de 2024. Com a aterragem em solo francês, chegaram também as primeiras notícias relativas à qualidade das camas. Vieram, sobretudo, através de relatos em primeira mão dos atletas, que comprovaram que eram idênticas às de Tóquio.

Tom Daley, mergulhador acrobático do Reino Unido, partilhou um vídeo no TikTok onde põe à prova a sua cama, saltando em cima da mesma. Não foi caso único, segundo noticia o The Guardian, com o ginasta irlandês Rhyan McClenaghan a fazer o mesmo, e sempre com resultados positivos. Face às versões de 2021, porém, as camas de Paris são mais sólidas, apesar de manterem a base de cartão, por ser mais sustentável. Segundo a conta oficial dos Jogos Olímpicos de Paris na rede social X, serão totalmente recicladas após as Olimpíadas, que terminam a 11 de agosto.

Ver Twitter

Do lado português, este não foi um tema. Os atletas nacionais têm nos seus quartos camas desenvolvidas pela marca Ergomotion. Num vídeo partilhado nas redes sociais, Gustavo Ribeiro, que vai representar Portugal na modalidade de skateboard, exibe o estrado. O mesmo sucedeu com Filipa Martins (ginástica), Rochele Nunes (judo) e Tiago Apolónia (ténis de mesa).

Camas olímpicas portuguesas são feitas para melhorar performance desportiva

José Gomes Pereira, Médico do Comité Olímpico Português, explica esta escolha após o sucedido em 2021. Explica que a cama que estava nos quartos dos atletas “era de cartão e tinha alguns ajustes”, mas que não era aquela a que os atletas estavam “habituados nos centros de estágio e hotéis”. Não nega que isso possa ter tido um impacto negativo no desempenho da comitiva portuguesa em Tóquio. “Estar a dormir numa cama que não conhece, e se eventualmente essa cama não for da melhor qualidade, pode ter alguns efeitos ao nível da performance”. Explica que o atleta funciona em três vetores: treino, alimentação e sono. “Se um deles falha, isso tem repercussões a nível do desempenho”.

Por isso mesmo, José Gomes Pereira explica que, em Paris, os atletas portugueses foram mais “precavidos”, tendo sessões de formação sobre o sono e a utilização das novas camas.

Loading...

Quanto ao impacto do sono no possível desempenho dos atletas, Teresa Paiva, neurologista especializada na área do sono, reitera que “ter desconforto no sono e dormir mal afetam imenso o desempenho físico. Durante o sono, é produzida a hormona do crescimento, que faz a reparação de todos os tecidos. Tem uma função regeneradora para o corpo”.

Segundo a informação da Ergomotion, as camas apresentam uma funcionalidade ‘Gravidade-Zero’, colocando “a cabeça e as pernas acima do coração, distribuindo o peso uniformemente e reduzindo os pontos de pressão no corpo”.

A este respeito, Teresa Paiva avisa que estas caraterísticas não são regra geral para um descanso ideal: “não me parece que possa haver uma resposta universal. Pôr os pés um bocado mais altos pode ser vantajoso, para melhorar o retorno venoso. Agora, pôr a cabeça mais alta pode ser bom ou mau. Quanto mais alta estiver a cabeça, menos se dorme. Depende muito da comodidade pessoal”. Seja com camas mais ou menos tecnológicas, o stress, que Teresa Paiva indica como um dos principais fatores de distúrbio do sono, estará sempre presente, por se tratar do maior evento desportivo da carreira de muitos dos atletas. “É algo com que terão de lidar”, afirma.

José Gomes Pereira não promete medalhas, mas não deixa de sugerir que a comitiva portuguesa chega a Paris com mais tempo de preparação face a Tóquio. Realça a situação de pandemia que se atravessava em 2021, com a competição a realizar-se sob “grande vigilância”. “Espero que Paris seja um êxito”, remata o médico.

Na comitiva portuguesa, contam-se 73 atletas a competir em 15 modalidades, como atletismo, canoagem, ciclismo, ginástica, judo, natação, skate ou surf. Manuel Grave será o primeiro representante, na modalidade equestre, sábado às 08:30 da manhã. Sejam quais forem os resultados, uma coisa parece certa: desta vez, o mal não será o sono.

NewsItem [
pubDate=2024-07-26 18:10:06.744
, url=https://expresso.pt/geracao-e/2024-07-26-jogos-olimpicos-2024-camas-de-cartao--para-a-comitiva-portuguesa-nao-f93366db
, host=expresso.pt
, wordCount=727
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_07_26_1318655544_jogos-olimpicos-2024-camas-de-cartao-para-a-comitiva-portuguesa-nao
, topics=[geração e]
, sections=[]
, score=0.000000]