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Visão | Futuro da Saúde: da inovação ao empreendedorismo

Visão | Futuro da Saúde: da inovação ao empreendedorismo

O dia da “Inovação para o futuro da saúde” da Fundação “la Caixa” e do BPI teve lugar no dia 10 de julho. Foram partilhadas e discutidas as melhores práticas em inovação biomédica, num evento que se assumiu como plataforma fomentadora da colaboração entre comunidades de investigação.

Foi pelas nove e meia da manhã de uma quarta-feira nublada e amena que um auditório do Centro Cultural de Belém se encheu para acolher o “Innovation for the future day”, organizado pela Fundação “la Caixa” e pelo BPI. O tema “Inovação para o Futuro da Saúde: Impulsionar o Empreendedorismo Científico” foi o mote para a participação de investigadores e inovadores nacionais e internacionais, que partilharam experiências e boas práticas.

Unidos pela paixão pelo conhecimento e, em muitos casos, pelo apoio recebido por parte da Fundação ”la Caixa”, permaneceram ao longo de um dia em que subiram ao palco várias personalidades de relevo da vida científica nacional e internacional. A começar por Artur Santos Silva, o curador da Fundação ”la Caixa” e presidente honorário do BPI, que conduziu a sessão de boas-vindas.

Artur Santos Silva, o curador da Fundação ”la Caixa” e presidente honorário do BPI © Eduardo Ribeiro

A Fundação ”la Caixa”, referiu, já ultrapassou 170 milhões de euros em atividades desenvolvidas em Portugal e Espanha, sendo o seu papel mais importante exercido no setor social, mas também na área da educação e ciência que, sublinhou, são “elevadores sociais”.

Atualmente, a Fundação ”la Caixa” tem o objetivo de triplicar o esforço na área da ciência, que representa cerca de 20% das suas atividades. 

Educação e inovação

Referindo-se à classificação de Portugal no European Innovation Scoreboard 2024, Artur Santos Silva realçou a ambição nacional de passar de Inovador Moderado a Fortemente Inovador. Para isso, a percentagem de investigadores a trabalhar em empresas em tempo integral deverá melhorar: “Em Portugal é de apenas 20%, na União Europeia é de 50% e nos Estados Unidos de 80%”, referiu.

Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação © Eduardo Ribeiro

Seguiu-se a sessão de abertura, conduzida por Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação, que revelou que vai ser apresentado em breve um projeto-lei para reforçar a autonomia das instituições de ciência e ensino superior. O objetivo é “desligar as instituições da gestão de curto prazo para poderem pensar o futuro a longo prazo”, já que “para que essa autonomia seja efetiva tem de haver previsibilidade orçamental”, sublinhou.

Quando temos mais empresas nos mercados internacionais, a única forma de sobreviverem é serem inovadoras — e a única forma de serem inovadoras é contratarem pessoas altamente qualificadas

Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e inovação

Está também a ser revisto o estatuto da carreira de investigação científica, no sentido de eliminar a incompatibilidade entre a investigação e a atividade empresarial: “Ter uma startup não pode violar a exclusividade de investigação científica”, reiterou o ministro, segundo o qual o número de doutorados em empresas tem vindo a aumentar de forma consistente porque há cada vez mais empresas envolvidas em projetos com universidades. “Quando temos mais empresas nos mercados internacionais, a única forma de sobreviverem é serem inovadoras — e a única forma de serem inovadoras é contratarem pessoas altamente qualificadas”, concluiu. 

Inovação na União Europeia:
resultados do European Innovation Scoreboard 2024 

Foram divulgados no dia 8 de julho os resultados do European Innovation Scoreboard (EIS), uma publicação anual da Comissão Europeia que fornece uma avaliação comparativa do desempenho dos Estados-Membros, bem como de países europeus vizinhos e de competidores globais na área da inovação

  • O desempenho da UE aumentou 10% desde 2017 e 0,5% entre 2023 e 2024; 
  • Portugal e Espanha mantêm-se no grupo dos Inovadores Moderados, que corresponde a uma pontuação entre 70% e 100% da média europeia; 
  • A Dinamarca continua a ser o país mais inovador da UE, seguido pela Suécia, que liderou o ranking entre 2017 e 2022; 
  • A Estónia tornou-se um Inovador Forte (pontuação entre 100% e 125% da média europeia), com um padrão de crescimento estável desde 2017; 
  • A Bélgica passou de Líder de Inovação (pontuação acima de 125% da média europeia) em 2023 a Inovador Forte em 2024, mantendo ainda assim o 5º lugar na classificação geral; 
  • A Suíça é o país europeu mais inovador e a Coreia do Sul o competidor global mais inovador; 
  • A China ultrapassou o Japão e está a diminuir progressivamente o fosso com a UE; 
  • A UE mantém uma posição global robusta, com um desempenho forte na maioria dos indicadores, incluindo PMEs que introduzem produtos e processos inovadores e tecnologias relacionadas com o ambiente; 
  • Em comparação com os competidores globais, a UE enfrenta desafios em áreas como ativos intelectuais, colaboração entre PMEs inovadoras e despesas de I&D no sector empresarial. 
Parcerias ímpares

“Ciência e Inovação na Europa: Desafios para uma Agenda Transformadora” foi o tema da palestra de Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Atualmente o Diretor do Laboratório de Política Tecnológica, Centro de Inovação, Tecnologia e Investigação Política começou por destacar algumas das características que tornam a parceria público-privada entre Fundação para a Ciência e a Tecnologia e Fundação “la Caixa” única e particularmente relevante no contexto europeu”: a aposta na excelência competitiva na investigação e o facto de a parceria ter sido feita “sem custos para o cidadão português”, já que “todo o sistema de avaliação é feito pela Fundação ”la Caixa” e “todo o investimento público vai para os cidadãos”.

Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior © Eduardo Ribeiro

Seguiu-se a apresentação de um desafio que “não é só de Portugal, mas de todo o mundo e, particularmente da Europa”: a necessidade de “acelerar o processo de avaliação científica e de uma simplificação radical” na avaliação e financiamento das investigações.

Existe uma enorme oportunidade para a inovação em Portugal porque há muito boa ciência que não está a ser transferida

Ignasi lópez, diretor de parcerias com instituições de investigação e saúde da fundação “la caixa”

Segundo Manuel Heitor, “Portugal está na média da Europa, com tempos desde a avaliação até ao financiamento de um ano a um ano e meio”. Ora, desde a pandemia, assiste-se a uma aceleração da transformação da ciência e inovação, alavancada pelo desenvolvimento massificado de sistemas avançados de informação e, em particular, pela Inteligência Artificial. “Portanto, o desafio aqui é que esta parceria única faça estas simplificações radicais para ser mais rápida neste processo”, algo que, embora seja “difícil”, já “está a ser feito em alguns programas dos Estados Unidos, sobretudo reduzindo a avaliação preliminar e pondo mais ênfase no acompanhamento” dos projetos. 

Instituições de investigação

Ao longo do dia houve tempo para muito mais, como a apresentação das iniciativas da Fundação ”la Caixa” de apoio à investigação biomédica por parte de Ignasi López, Diretor de Parcerias com Instituições de Investigação e Saúde da Fundação ”la Caixa”, que sublinhou que “existe uma enorme oportunidade para a inovação em Portugal porque há muito boa ciência que não está a ser transferida”.

Ignasi López, Diretor de Parcerias com Instituições de Investigação e Saúde da Fundação ”la Caixa” © Eduardo Ribeiro Concursos Fundação ”la Caixa” 

A Fundação “la Caixa” financia projetos de biomedicina e saúde através de concursos de investigação e inovação que promovem as iniciativas mais promissoras e com maior repercussão na sociedade 

CaixaResearch Investigação em Saúde 

Identificação e promoção dos projetos de investigação em biomedicina e saúde mais promissores, de maior excelência científica e com mais valor para a sociedade, sejam de investigação de base, clínica ou translacional. Os projetos devem enquadrar-se nas seguintes áreas temáticas: neurociências; oncologia; doenças cardiovasculares e doenças metabólicas associadas; doenças infeciosas; ou tecnologias facilitadoras nessas quatro áreas temáticas. 

CaixaImpulse Inovação em Saúde 

Ajuda a transferir conhecimentos científicos à sociedade, incentivando a criação de novos produtos, serviços e empresas relacionados com as ciências da vida. Apoia projetos biomédicos inovadores, ajudando-os a validar o(s) seu(s) ativo(s) e a definir a sua estratégia de valorização e exploração e aproximando-os do mercado. Os projetos devem estar relacionados com as áreas das ciências da vida e saúde humana; devem focar-se claramente na inovação, com objetivos específicos relevantes para a transferência do(s) ativo(s) para o mercado; e devem pertencer a uma das seguintes áreas de negócio: terapêutica, dispositivos médicos, diagnósticos ou saúde digital

Mais informações aqui.

Trine Bartholdy, Diretora de Inovação no BioInnovation Institute Foundation, em Copenhaga (Dinamarca), realçou a importância dos bons exemplos e do erro para os novos e bons empreendedores. Referindo-se ao trabalho do instituto, explicou que funciona como uma incubadora e um acelerador de inovação, fazendo a ponte entre a academia e os investidores, tendo ja apoiado 100 startups. Referiu que 51% dos fundadores são empreendedores pela primeira vez e destacou o papel do financiamento externo como métrica da inovação, tendo em conta que os produtos da área das ciências da vida podem demorar 10 anos a chegar ao mercado. Assinalou ainda a importância do trabalho próximo com as farmacêuticas e vaticinou que, no futuro, a Física e a Biologia irão convergir.

Trine Bartholdy, Diretora de Inovação no BioInnovation Institute Foundation, em Copenhaga © Eduardo Ribeiro

Ao palco subiram também 10 cientistas e inovadores, cinco por cada mesa redonda: a primeira dedicada a histórias de sucesso do ecossistema de inovação português, a segunda ao papel das instituições de investigação na promoção da inovação e transferência de conhecimento.

Àngel Font, Diretor Executivo do Instituto CaixaResearch e Investigação e Saúde em Portugal da Fundação “la Caixa”, apresentou o instituto que dirige, um centro de investigação especializado em imunologia cujos primeiros laboratórios serão inaugurados no final de 2025 em Barcelona.

O resumo do dia ficou a cargo de Pedro Pita Barros, professor de Economia da Saúde BPI | Fundação “la Caixa”, na Nova School of Business and Economics, que destacou o papel da paixão e do dinheiro para a inovação chegar a bom porto no percurso entre o laboratório e os pacientes. Outros fatores de sucesso identificados foram a presença de um “copiloto” que, além de financiamento, acrescente valor quanto à forma de fazer as coisas; a existência de instituições que façam a ponte com os investigadores e, ainda, a importância de se ir além de Portugal e Espanha e pensar a nível europeu e até mundial.

Juan Ramón Fuertes, Diretor Geral Adjunto da Fundação ”la Caixa” © Eduardo Ribeiro

O encerramento ficou a cargo de Juan Ramón Fuertes, Diretor Geral Adjunto da Fundação “la Caixa”, que voltou a realçar o papel social da Fundação, justificando assim o lema “só é progresso se progredirmos todos”

A promoção contínua da transferência de tecnologia é crucial em Portugal e Espanha. Estabelecer marcos como o evento atual que facilitem a colaboração entre investigadores, empresários e indústria é essencial para promover a inovação. Os debates atuais sublinharam a importância da colaboração entre academia, indústria e governo para avançar na inovação. Desta forma, a Fundação ”la Caixa” conseguiu compreender melhor a inovação em Portugal para incorporá-la nos seus programas e continuar a contribuir para a melhoria da saúde dos pacientes. 

Alguns dos palestrantes convidados para o evento © Eduardo Ribeiro Artur Santos Silva, curador da Fundação “la Caixa” e presidente honorário do BPI © Eduardo Ribeiro Artur Santos Silva, curador e Fundação “la Caixa”, Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação, e Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior © Eduardo Ribeiro Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação © Eduardo Ribeiro Manuel Heitor, antigo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior © Eduardo Ribeiro Mesa Redonda 1: “Do laboratório aos pacientes: histórias de sucesso do ecossistema de inovação português” © Eduardo Ribeiro Mesa Redonda 2: “Promover a inovação e a transferência de conhecimento: o papel das instituições de investigação” © Eduardo Ribeiro Ignasi López, Diretor de Parcerias com Instituições de Investigação e Saúde da Fundação ”la Caixa” © Eduardo Ribeiro Trine Bartholdy, Diretora de Inovação no BioInnovation Institute Foundation, em Copenhaga © Eduardo Ribeiro Pedro Pita Barros, professor de Economia da Saúde, BPI | Fundação “la Caixa”, na Nova School of Business of Economics © Eduardo Ribeiro Àngel Font, Diretor Executivo do Instituto CaixaResearch e Investigação e Saúde © Eduardo Ribeiro

Vale a pena acompanhar o trabalho realizado pela Fundação “la Caixa” aqui.

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