www.publico.ptpublico.pt - 25 jul. 05:00

Cartas ao director

Cartas ao director

Os sinais como bússola

Há pessoas que merecem que se fale delas, por uma razão ou por outra, pela sua qualidade e postura profissionais, pelo belo que nos legam, pelo encantamento da palavra, pelo texto preciso e precioso, pelo olhar fino e poético que nos deram do outro, os de cá e os do mundo, dos que se escondem na mais recôndita aldeia de Portugal ao lugar mais longínquo do mundo. E há uma personalidade que nenhum jornalista deve ignorar, e que muitos fora desse âmbito conhecem, que merece uma referência particular. Falo do enorme jornalista Fernando Alves, um dos fundadores da mítica TSF, considerado por muitos, quase todos, como o poeta da rádio. Esteve na TSF quatro décadas e, durante os últimos 30 anos, foi o autor de um dos mais míticos programas da rádio portuguesa, Sinais.

Ao sair da TSF, esse programa de autor terminou e os Sinais – As Últimas 50 Crónicas na TSF foram editados em livro. Pois é esse mesmo livro que aconselho vivamente, das coisas mais extraordinárias que li nos últimos tempos. De uma beleza de escrita ímpar, de uma prosa poética que emociona, com conhecimento e cultura, com um interesse que entusiasma da primeira à última linha. E que bela lição que ali está de como se constrói uma crónica, com cabeça, tronco e membros. Um livro que devia servir para ensinar, para mostrar como se faz, aos mais novos e aos que querem aprender. Parece tudo tão simples, tão fácil, tão estalar de dedos. Não pensem nisso, dá muito trabalho! Obrigado pela grandeza e humildade, Fernando!

José Manuel Pina, Lisboa

CPI às gémeas

Ouvi a audição de Fernando Frutuoso de Melo [na comissão parlamentar de inquérito às gémeas do Santa Maria] e fiquei com algumas conclusões/opiniões: a grande maioria das perguntas dão-me a ideia de parecer que querem arranjar “culpas” e “casos”; algumas perguntas que fazem, passe a expressão, parecem-me uma coscuvilhice sem nenhum interesse; também me dá a ideia de que as pessoas não percebem ou não querem perceber como funcionam os serviços; os deputados quase sempre ultrapassam o tempo que têm. É um mau exemplo, penso eu.

A grande conclusão, para mim, foram as respostas que Frutuoso de Melo deu: esclareceu e respondeu bem. Em linguagem popular: deu baile.

Porfírio Gomes Cardoso, Lagos

Expansão do Metro

Lisboa, tal como o Porto e o Algarve, enfrenta uma significativa carência de habitação acessível aos rendimentos médios dos seus habitantes. Como podemos mitigar esta situação? Ao sair da zona metropolitana de Lisboa, por exemplo, por Loures em direção a Bucelas, nota-se uma transição abrupta de um ambiente urbano para um rural. Quanto mais nos afastamos do centro, mais acessível se torna a habitação – verdade de La Palice. Contudo, a falta de uma boa rede de transportes públicos, com o metro, pode ser um entrave.

A expansão do Metro de Lisboa é uma medida pertinente, dada a sua atual extensão de pouco mais de 44km, que contrasta com os mais de 290km do Metro de Madrid! Esta expansão, juntamente com a construção de habitação pública, poderia atenuar significativamente a dificuldade dos jovens em adquirir casa (os 2% de Portugal contrastam com os 29% nos Países Baixos). Esta iniciativa poderia ainda reduzir a fuga de jovens, aumentar a natalidade e combater a especulação imobiliária. Embora seja uma solução dispendiosa, é sem dúvida incontornável. Canalize-se o dinheiro do IRS jovem!

Ricardo Castro, Odivelas

Povo que não lê

Povo que não lê e só ouve é um povo à mercê dos outros. Jamais será alguém. Foi por isso mesmo que tivemos uma ditadura salazarenta antes do glorioso dia 25/04/1974, que nos abriu as portas da liberdade e de alguma prosperidade, jamais tida. Mas nem tudo têm sido rosas. Muitos malefícios germinaram na seara que deveria dar somente boas colheitas, dando joio que dela tomou conta. A monda ficou por fazer. E agora?

Jovem, se és mais culto, põe o teu saber ao serviço da comunidade. Foi ela que te ajudou a seres o que és agora. Portanto, não fujas do chão que te deu o diploma. Luta por ele e, se for preciso, toma as rédeas do poder. Desertar (emigrar) é entregar ao inimigo o que tanto custou para existir Portugal, por vezes, à custa de muito sangue, suor e lágrimas. Lembra-te que parte das águas salgadas do teu/nosso mar são lágrimas dos teus/nossos egrégios avós.

José Amaral, V.N. Gaia

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