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Direita espanhola em guerra aberta: Vox dá por enterrados pactos de governação com o PP em cinco regiões

Direita espanhola em guerra aberta: Vox dá por enterrados pactos de governação com o PP em cinco regiões

Abascal anuncia corte com os conservadores por causa do acolhimento de poucas dezenas de menores não acompanhados que chegaram às Canárias.

A decisão terá de ser confirmada pela Comissão Executiva Nacional, que vai acontecer durante a tarde desta quinta-feira, mas o líder do Vox já assumiu o colapso dos governos de cinco comunidades autonómicas onde o partido da direita radical e extrema está coligado com o Partido Popular. Segundo Santiago Abascal, terão sido os conservadores a “romper os acordos” que estiveram na base dessas alianças quando aceitaram participar na distribuição de menores migrantes não acompanhados acordada com as ilhas Canárias, onde há neste momento 6000 crianças – três vezes mais do que a capacidade do arquipélago.

Ao todo, segundo a imprensa espanhola, estas cinco comunidades terão de receber 209 crianças e adolescentes: a secretária-geral do PP diz que cada região vai acolher “entre dez e 30 menores não acompanhados” cada, acusando o Vox de “irresponsabilidade”. Na sua opinião, trata-se de uma reacção "absolutamente desproporcionada”, que mais soa a “desculpa”.

Já Abascal responsabiliza o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, por ter tomado uma decisão “unilateral”, acusando-o de ter “tentado desde o início impedir os pactos regionais” negociados com o seu partido depois das autonómicas e municipais de Maio do ano passado. Foi por causa dos resultados das eleições que a principal formação da oposição em Espanha optou por normalizar o partido extremista, fechando acordos de governação em quatro regiões autonómicas e em mais de 140 municípios.

Os dirigentes do PP nestas comunidades – Castela e Leão, Comunidade Valenciana, Múrcia, Aragão e Extremadura (nas ilhas Baleares, os populares governam com apoio parlamentar dos radicais) – têm-se mostrado atónitos com as reacções do Vox, sublinhando que os acordos entre os dois partidos não incluem políticas de imigração ou de asilo – uma competência do Governo nacional, apesar de as autonomias assumirem algumas responsabilidades, nomeadamente em políticas sociais e laborais.

Em Múrcia, o acordo de governabilidade “está a ser cumprido ponto por ponto”, garantiu o porta-voz Marcos Ortuño, numa conferência de imprensa depois da reunião semanal do executivo, que foi boicotada pelos dois conselheiros (equivalente a ministros) do Vox. Segundo Ortuño, o acordo de 30 pontos só faz uma breve referência à imigração, quando fala na intenção de apostar “na coordenação da Polícia Local e das Forças e Corpos de Segurança do Estado para prevenir a criminalidade, erradicar eficazmente a acção dos bandos organizados e lutar contra as máfias de imigração ilegal”.

Entretanto, enquanto vários conselheiros (e deputados) do Vox nestas regiões cancelaram todos os seus compromissos, o Parlamento valenciano aprovou a chamada Lei da Concórdia, que revoga a Lei da Memória Democrática. A alteração, aprovada com os votos do PP e do Vox (e rejeitada pela oposição de esquerda) visa equiparar as vítimas de 1931 (Segunda República) até à actualidade, sem condenar o franquismo nem distinguir os milhares de assassinados e desaparecidos às mãos da ditadura.

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