rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 11 jul. 10:40

​Koeman foi a tempo de equilibrar o que ameaçava tornar-se um pesadelo, até à fuga de Watkins (análise à segunda semifinal)

​Koeman foi a tempo de equilibrar o que ameaçava tornar-se um pesadelo, até à fuga de Watkins (análise à segunda semifinal)

Inglaterra deu a volta na compensação frente aos Países Baixos e vai jogar a decisão do título europeu pela segunda vez consecutiva.

Comecemos pelo final: Gareth Southgate foi ousado quando, à entrada para os últimos 10 minutos, decidiu tirar um Foden que estava a rubricar a melhor exibição individual neste Europeu (quem diria, o que dá ter os jogadores certos nos encaixes ideais…) para lançar um jogador para o mesmo espaço (Cole Palmer) e ao mesmo tempo trocou de referência ofensiva: Kane estava menos em jogo e por isso cedeu o lugar a Ollie Watkins.

E, já em período de compensação, foi precisamente o homem do Chelsea a surgir na meia-direita e a servir a desmarcação em ruptura do ponta de lança, que fez a diagonal para fora, ganhando a frente a de Vrij e atirou um disparo colocado, seco, perfeito.

O caráter e capacidade de resolução individual da equipa inglesa voltou a ser diferencial, apesar da jogada ter sido trabalhada com método, a partir da zona defensiva. E este acabou por ser o jogo mais consistente da Inglaterra desde que iniciou a prova em solo alemão.

Longe de ser brilhante, a formação dos 'três leões' encontrou resposta para o golo inicial dos neerlandeses, desenvolveu um par de jogadas com Kane a ter protagonismo no corredor central (envolvendo-se em apoio e chegando para o remate) e com boa utilização da largura (sobretudo a partir de Saka desde a direita). O penálti irrepreensivelmente cobrado pelo capitão deu o mote para o domínio inglês.

Com movimentos precisos de Mainoo no acompanhamento das jogadas ofensivas, a irreverência de Foden privilegiando o espaço no centro-direita, com mobilidade de Bellingham, algum transporte de Rice numa primeira fase e Kane a participar nas costas dos médios neerlandeses, a Inglaterra conseguiu gerar desconforto a uma desamparada dupla de centrocampistas da 'laranja'. As ocasiões para os britânicos sucederam-se (com destaque para Foden), que viam essa margem para chegar aos três quartos do campo com vantagem constante.

Só que do lado neerlandês houve a perceção do que estava a correr mal e aproveitando um contexto de lesão de Memphis Depay, Ronald Koeman tirou a referência móvel do ataque para lançar mais um médio. Não foi imediato, mas com Veerman junto de Schouten e Reijnders viu-se outro equilíbrio sem bola e espaços mais bem preenchidos, ainda que a saída para o ataque se tenha visto prejudicada pela ausência de um Memphis que se oferecia permanentemente em apoio (sobretudo na meia-esquerda).

Sobretudo depois do intervalo, percebeu-se a quebra que esta simples alteração colocou ao ímpeto inglês, associando também a isso a entrada de Weghorst - sempre importante a receber um jogo mais direto e a poder descarregar para os colegas. Ainda assim, os neerlandeses só ameaçaram mais a sério de bola parada (Veerman a bater, van Dijk quase a faturar) e num ou noutro arranque de Simons.

Sofrer aquele golo no fim foi especialmente ingrato tendo em conta o ponto de partida deste duelo: ainda numa fase de encaixe mútuo, Dumfries foi extremamente perspicaz a buscar um passe longo para o ataque, o surpreendente Reijnders arrastou com ele a defesa inglesa para afundar e isso deu margem para que Xavi Simons tivesse espaço para atacar a baliza com categoria, depois de ganhar um duelo a Rice.

Mesmo com essa vantagem inicial, o plano inicial da seleção dos Países Baixos não foi o ideal para a proteção defensiva e a dificuldade acrescida gerou o período mais conseguido da Inglaterra. Só que o que se ganhou de equilíbrio atrás a dada altura, perdeu-se mais adiante e nem para o prolongamento chegou. Mérito de Palmer e sobretudo de Watkins que trouxeram o plano de fuga ao prolongamento.

Watkins 💎

Southgate entendeu a necessidade de ter um avançado melhor em ruptura, numa fase em que Kane já não participava tanto em jogo. Depois de Toney ter sido relevante nos quartos de final (nem que fosse pelo penálti), Watkins fez a desmarcação que se pedia num momento-chave e executou o movimento de corpo ideal para potenciar o remate colocado, que surpreendeu Verbruggen. Como com pouco mais de meia-hora numa grande competição se pode ter tamanha influência. Coisas do futebol.

Gakpo 🌧️

O Europeu do atacante do Liverpool foi assinalável, até aos derradeiros jogos. Com a Turquia, teve papel fulcral pela pressão a Mert Müldür no lance do golo decisivo mas andou demasiado tempo afastado do corredor central e frente à Inglaterra, teve uma participação relativamente reduzida na manobra ofensiva. Ao ponto de ter terminado o encontro sem qualquer remate. Faltou-lhe o suporte próximo de Simons (mais na meia-direita) e a saída de Memphis também não ajudou…

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