rr.sapo.ptOpinião de Francisco Sarsfield Cabral - 10 jul. 07:17

​O centro político e os extremos

​O centro político e os extremos

No Reino Unido, um partido trabalhista moderado sobrepôs-se aos extremos de direita e de esquerda. Pelo contrário, em França, o centro moderado do presidente Macron não tem força política para se impor a esses extremos.

Em França, a extrema-direita foi contida sobretudo pela extrema-esquerda, de Mélanchon, aliada à esquerda moderada. Já no Reino Unido esse papel coube ao centro moderado. Vale a pena olhar para estes dois casos.

Como é sabido, o partido trabalhista (Labour) obteve uma maioria de 412 lugares na Câmara dos Comuns, quando bastavam 326 para chegar à maioria absoluta. Naturalmente que o regime eleitoral britânico ajudou a esta expressiva votação no Labour – em cada círculo ganha o candidato mais votado.

Ora o partido trabalhista britânico, que há cinco anos era dominado por políticos muito à esquerda, com o seu novo líder, Keir Starmer, um moderado pragmático, tornou-se uma força política de centro. Não se pense que a extrema direita desapareceu do horizonte político britânico, só que, agora, o parlamento e o governo britânicos estão nas mãos de políticos moderados.

Nigel Farage, um político de extrema direita, conseguiu finalmente ser eleito deputado, depois de sete tentativas frustradas. E com ele mais três candidatos do partido de Farage. E, à esquerda, o anterior líder dos trabalhistas, o extremista Jeremy Corbyn também foi eleito (concorria como independente).

Em França a oposição à direita radical tem sido liderada, não por um partido socialista moderado, mas pela esquerda radical do “insubmisso” Jean Luc Mélenchon, um defensor de que a França abandone a NATO. O partido de centro, que deveria ser o líder no combate ao pré-fascismo de Marine Le Pen, foi menos votado do que a nova frente popular; trata-se do partido do presidente Macron, personalidade que não é bem vista por um grande número de franceses.

Assim, na França atual enfrentam-se dois extremismos, sem que os moderados de centro tenham peso político suficiente para travar esses extremos. Uma situação perigosa para o futuro da democracia em França, tanto mais que a situação financeira das contas públicas francesas inspira cuidados.

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