visao.ptSARA NUNES - 10 jul. 10:36

Visão | Falar de vacinação é falar de viver!

Visão | Falar de vacinação é falar de viver!

Se, no passado, a vacinação começou com as crianças, para o presente e para o futuro é preciso saber potenciar todas as vantagens das novas vacinas e implementar um programa de Imunização ao Longo da Vida

Felizmente estamos no século XXI e para todos aqueles que residem nos países mais desenvolvidos é normal e expectável viver mais de 80 anos. Por exemplo, em Portugal e no triénio 2021-2023, a esperança de vida à nascença foi calculada em 81 anos, um valor três a quatro vezes maior do que aquele que se verificava há 100 anos.

Se as gerações que nos antecederam não beneficiaram desta longevidade, sem qualquer dúvida, contribuíram com o seu esforço e empenho para nos deixar este legado vital, que só foi possível em resultado do extraordinário progresso científico das últimas décadas e que culminou, na área da saúde, com a implementação do saneamento básico e no desenvolvimento de novos fármacos, onde se destacam os antibióticos e as vacinas.

No nosso país, o Plano Nacional de Vacinação (PNV) iniciou-se em outubro de 1965 com a vacina contra a poliomielite e, em 1966, foram acrescentadas as vacinas da tosse convulsa, da difteria, do tétano e da varíola. As vacinas eram exclusivamente administradas em crianças e no arranque deste programa foi decisivo o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, que terá contribuído com uma verba de “20.000.000$00 ou 20 mil contos”, o equivalente a 100.000 Euros.

O sucesso do PNV foi tão estrondoso que dificilmente voltaremos a assistir a um programa nacional com um retorno tão significativo. Com a implementação do PNV foi possível o controlo ou erradicação no território nacional de várias doenças infeciosas, muito delas fatais ou incapacitantes e que permitiu a muita desejada viragem na mortalidade infantil e, sobretudo, a indispensável tranquilidade das famílias. A vacinação escreveu, assim, uma das maiores histórias de sucesso e de felicidade da história da Humanidade.

Se no passado, a vacinação começou com as crianças, para o presente e para o futuro é preciso saber potenciar todas as vantagens das novas vacinas e implementar um programa de Imunização ao Longo da Vida. Um novo programa para toda a vida, que substitua o anterior programa centrado nas idades pediátricas e que rentabilize a vacinação como uma ferramenta ímpar na promoção da saúde e na prevenção da doença e como um dos pilares do envelhecimento saudável e da sustentabilidade dos serviços de saúde. Por exemplo, na população com 60 ou mais anos estão disponíveis novas vacinas contra as infeções que mais impactam na saúde deste grupo etário e na alocação de recursos de saúde. Referimo-nos às novas vacinas aprovadas contra as doenças provocadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae e pelos vírus SARS-CoV-2, influenza, sincicial respiratório e herpes zoster.

As vacinas representam, ainda, um aliado preciso no combate às futuras ameaças decorrentes da emergência de novos microrganismos com potencial pandémico, das alterações climáticas e da resistência aos antimicrobianos.

Saibamos aproveitar e perceber que as vacinas que recebemos em crianças foram tão somente uma etapa da imunização ao longo da vida e que é fundamental manter este privilégio durante toda a nossa existência. Se vivemos mais e queremos continuar a viver mais e melhor, o caminho passa pela vacinação ao longo da vida!

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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