expresso.ptJoana Oliveira Costa - 9 jul. 08:54

Interessa-me o futuro

Interessa-me o futuro

Interessa-me o futuro, precisamente porque não há futuro deitando o passado no caixote de lixo da História nem voltando a uma idealização do passado negando os desafios do presente. É esse futuro que me interessa

Lisboa é a capital europeia da inovação. A notícia não é nova, o mérito não é meu, e o reconhecimento não é pequeno, ainda que não seja final. A notícia foi dada em Fevereiro deste ano, e comunicada pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, para quem a ambição de “aproximar o mundo tecnológico daquilo que são os desafios reais da cidade e colocar os empreendedores a contribuir diretamente para criar uma Lisboa mais justa e mais solidária” nunca se esgota. É a esta visão - e a ela ainda voltarei - que se pode atribuir o mérito; a isso e, claro, à competência e dedicação das equipas municipais, bem como a quem me antecedeu no exercício das funções que hoje desempenho, e que diariamente trabalharam e trabalham para fazer de Lisboa uma cidade de futuro.

. Um futuro expresso na visão que nos norteia, em Lisboa, e que anunciei no primeiro parágrafo: a tecnologia ao serviço de desafios reais da cidade e, na resposta a estes, garantindo a justiça e a solidariedade.

Foi isso que a CML foi fazer a Toronto, à Collision, no passado mês de Junho, e onde tive o privilégio de a representar. Mas já vos falo da Collision.

Disse que voltaria à visão, e cá estou eu. Neste executivo não nos deslumbramos com o “P2, turbo sound, disco sound, Video-Club, joystick, midi, high-tech”, como nos velhinhos pós-modernos do GNR; aqui somos de outra têmpera, interessam-nos as pessoas. Eu sei, eu sei: ah, e tal, as pessoas, as pessoas, isso não diz nada, pessoas somos todos, e governar uma cidade obriga a tomar decisões que acabam por não satisfazer algumas pessoas. É verdade e, não obstante, governamos para as pessoas. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que temos um compromisso multifacetado com os lisboetas, um compromisso que passa, simplificando muito, por pôr ao serviço da melhoria das suas condições de vida todo o nosso empenho.

Arrisco a citação descontextualizada: não são os números de empresas, de startups, de scaleups, de unicórnicos, não é o volume de facturação, o número de empregos criados, não é sequer a receita gerada, como um valor final, por si só virtuoso, que é o nosso fim. O nosso fim, o nosso meio e o nosso princípio é investir em transportes gratuitos, na construção de infraestruturas essenciais que mitiguem os efeitos das alterações climáticas na cidade, na descentralização da cultura, na construção de habitação, na melhoria e aumento dos espaços verdes e tantas outras coisas a ganhar vida ou vida nova pela mão deste executivo. São as pessoas: a melhoria das suas condições de vida, o bem-comum, a sustentabilidade da cidade, uma cidade justa e solidária como na nossa visão. São também as razões por que me interessa o futuro.

Em Toronto estiveram connosco 13 startups, com um investimento total de 18 milhões de euros e 200 empregos criados, bem como organizações e empresas ligadas ao ecossistema empreendedor de Lisboa. Vale a pena dizer que Toronto é o terceiro maior hub tecnológico da América do Norte, com 24.000 empresas e 289.000 trabalhadores na área da tecnologia. Neste evento estiveram mais de 800 oradores, 1.400 jornalistas, 1.000 investidores, 2.000 startups, e 300 parceiros de mais de 140 países. A nossa delegação aproveitou a oportunidade, para lá de outros contactos paralelos, para reunir com o CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, com a Toronto Councillor, Shelley Carroll, e com a Consul-geral Portuguesa em Toronto, Ana Luís Riquito.

Por que é que isto importa? Porque se há um lugar onde se reúnem empreendedores, inovadores, pessoas comprometidas com os desafios do futuro e da sustentabilidade, com a inclusão e bem-estar, e com a ambição tornarem globais as suas iniciativas locais, Lisboa quer estar presente. E quer apresentar-se como o lugar onde essas pessoas querem estar. Porque é para as pessoas que trabalhamos e porque é com as pessoas que aprendemos.

Joana Oliveira Costa escreve de acordo com a antiga ortografia

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