Duarte Marques - 9 jul. 11:55
A lição francesa
A lição francesa
O mais grave é que fica evidente que a extrema-direita perdeu hoje para ganhar melhor amanhã
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O pior de tudo isto é que parece cada vez mais que este resultado é apenas um compasso de espera até a extrema-direita ganhar as próximas eleições (presidenciais). Das duas uma, ou esta coligação se modera, abdica de facto das suas propostas mais radicais e de facto consegue fazer algumas reformas que França nunca teve coragem ou então vai ser um desastre e abrir caminho para os radicais de extrema-direita.
Resta saber quem será indicado como Primeiro-Ministro já que o líder da coligação é o mais radical de todos e que teve de ser escondido para não prejudicar a campanha. Como diz Ana Gomes, “Mélenchon é uma Le Pen de calças”. Agora digo eu: é um radical irresponsável cuja atuação muito tem ajudado Le Pen a crescer.
Se em poucos dias, o regime francês passa de Presidencialista para Parlamentar, a verdade é que a co-habitação não é propriamente uma novidade. A diferença é que, ao contrário de situações anteriores, desta vez ocorre entre um Presidente moderado e uma extrema-esquerda radical com alguns moderados pelo meio. A segunda diferença, que não pode ser menosprezada, é que apesar de tudo estes dois blocos (Macron e FP) têm um inimigo comum: Le Pen. Resta saber se isso será suficiente para os “unir” ou se os egos e ambição de cada um os levará ao disparate e a estender a passadeira vermelha a Le Pen.
Talvez esta seja também a oportunidade para que os partidos moderados de centro, que fizeram a história recente francesa tenham a capacidade de voltar a conquistar a confiança das pessoas e a representar a estabilidade e moderação na política francesa.
Esta situação no país de De Gaulle vem comprovar que lideranças “popularistas” e governos incompetentes são o rastilho para o crescimento dos populismos, à direita e à esquerda. Aprendamos com os seus erros.