expresso.ptHenrique Raposo - 9 jul. 11:49

As minhas antepassadas eram como as “pretas do Sado”: tenho o direito de aproveitar esse sofrimento?

As minhas antepassadas eram como as “pretas do Sado”: tenho o direito de aproveitar esse sofrimento?

As minhas avós e tias mais velhas não foram mais do que servas da gleba na pior ceifa de todas, a do arroz, no Sado, trabalhando lado a lado com os “pretos do Sado” (aliás, estou desconfiado que parte da família tem sangue mulato). Ora, eu aqui em 2024 tenho o direito de invocar o sofrimento delas para assim garantir um estatuto de vítima, ideal para ter boa imprensa, ideal para ter uma “identidade” perfeitinha neste campeonato da vitimologia? Não, não tenho

Vale a pena continuar nos equívocos woke, sobretudo nas paredes-meias entre o facho e o woke.

Este é um dos grandes pontos de partilha entre fascismo e wokismo: a ideia de que a raça é uma pessoa; há uma antropomorfização de um coletivo que esmaga os indivíduos com o peso da maiúscula, com o peso do destino que é imposto a todos os indivíduos que nasceram dentro desse grupo e que, por inerência, não podem sair da caixa onde nasceram. Quem sai do chão cultural de nascimento é visto como traidor.

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