Miguel da Câmara Machado - 8 jul. 22:09
Macron é obrigado a aceitar um primeiro-ministro? Que poderes ainda mantém? O que acontece se o orçamento chumbar? E os Jogos Olímpicos?
Macron é obrigado a aceitar um primeiro-ministro? Que poderes ainda mantém? O que acontece se o orçamento chumbar? E os Jogos Olímpicos?
Um cenário confuso, de aparente ingovernabilidade, deixa muitas dúvidas no ar depois de umas eleições antecipadas cujos resultados surpreendentes puseram na linha da frente uma coligação de partidos de esquerda que derrotaram a extrema-direita de Bardella - e o centrismo do presidente Macron. Esta análise tenta responder a oito incógnitas sobre o futuro de França, usando para o efeito o documento fundamental: a sua Constituição
Os especialistas em croissants dizem que o segredo está na massa, que deve ser bem folhada (tri ou semi) e formar várias camadas intercaladas que permitam o formato de uma lua em quarto crescente (quase como o formato de um Parlamento, onde se sentam deputados de diversas cores políticas), havendo uma capa dourada, uma crosta crocante e um miolo fofo.
Também as eleições francesas de 7 de julho nos deram três camadas diferentes para a Câmara baixa do Parlamento francês:
- A capa dourada da Ensemble centrista de Macron ficou reduzida, mas manteve-se acima das piores expectativas (com 168 deputados no total);
- O miolo da mega coligação de esquerda superou (com 180 deputados), tendo a Nouveau Front Populaire (“NFP”), que juntou socialistas, comunistas, verdes e a France Insoumise (“FI”) de Jean-Luc Mélenchon (o velho político de esquerda que apelou – e conseguiu – esta inesperada e alargada coligação de antigos rivais) atingido o “primeiro lugar”;
- A crosta crocante que tantos temiam ter de engolir da Rassemblement National (“RN”) de Marine Le Pen e Jordan Bardella desceu para terceiro e proclamou uma “vitória adiada” (com os seus novos 143 deputados).