www.publico.ptpublico.pt - 13 jun. 05:30

Cartas ao director

Cartas ao director

Selecção de cartas enviadas pelos leitores.
A inflação das notas

Um senhor de Braga, de seu nome José Batista d’Ascensão (J.B.A), enviou uma carta para o PÚBLICO (11/6), na qual salientava a sua indignação pelo facto de os alunos do 9.º, 10.º,11º e 12.º anos estarem a ser avaliados com demasiada generosidade, entenda-se, terem notas inflacionadas. Esquece-se de que, desde há uns bons anos a esta parte, o Ministério da Educação tem enviado sucessivas directivas para as escolas, no sentido de se evitar chumbar os alunos – os chumbos ficam muito caros ao Governo – e igualmente de se fazer o possível para que os alunos, através das ditas” necessidades educativas especiais” (N.E.E.), obtenham o mantra do almejado “sucesso educativo”.

O Sr. J.B.A. esquece que os professores são “compelidos” a dar notas positivas, sob pena de terem de justificar, bem justificadinho, o porquê de determinada nota negativa. Ou seja, o professor tem de fazer relatórios exaustivos, enredando-se numa teia burocrática que o melhor é fugir a sete pés, pois o ónus e a desconfiança recaem sobre o professor, que não soube, não foi eficaz, não foi competente ao atribuir a nota negativa ao aluno.

E, por último, esquece que, de alguma maneira, na educação, em Portugal, vive-se “o faz de conta” e o que é preciso é mostrar aos relatórios internacionais que se debruçam sobre a educação que em Portugal só existe sucesso educativo.

Ah, e falta acentuar que temos a dita escola inclusiva e de bem-estar, “para não prejudicar ninguém”. Conclusão: as notas inflacionadas entraram no sistema educativo e são uma consequência das enviesadas normas e directivas provindas do Ministério da Educação que “dificultam” dar notas negativas aos alunos. Isso já não se usa. É salazarento.

António Cândido Miguéis, Vila Real

A cruel sociedade

A cantora Françoise Hardy morreu após prolongada e dolorosa doença cancerosa que lhe foi destruindo vários órgãos, atingindo até os ouvidos.

Pediu há alguns anos ao presidente Macron que a ajudasse, por via legal, a morrer com dignidade e sem mais sofrimento para ela e para os seus familiares e amigos próximos. O Estado francês não o permitiu.

Dentro de umas décadas, ou menos, a sociedade irá olhar para as leis absurdas que na nossa época impedem o acesso a uma morte digna desejada pelo cidadão, e irá concluir quão selvagens éramos nós que olhamos para o lado perante a obscenidade de um sistema que aceita a tortura física e mental como uma forma de morte. Que hipócritas democratas somos.

Luis M. Taylor, Porto

Contorcionismo político

Depois de ler a edição de hoje do PÚBLICO, fiquei carregado de dúvidas. Ou sou um completo ignorante em termos políticos ou os comentadores Manuel Carvalho da Silva, ex-líder da CGTP, e Manuel Loff, ex-deputado do PCP, são brilhantes contorcionistas a pedir meças aos mais famosos profissionais dessa arte circense. Porquê?

Com 163 mil votos nas europeias, o PCP registou o pior resultado eleitoral em todas as eleições realizadas em Portugal depois do 25 de Abril e perdeu um dos dois deputados que tinha, ficando assim com a mais pequena representação parlamentar de sempre no Parlamento Europeu.

Derrota eleitoral? Nem pensar! Carvalho da Silva chama-lhe “minimalismo positivo” e Manuel Loff regozija-se porque a CDU perdeu apenas (?) 40 mil votos em três meses. Quem vai entender esta gente?

Helder Pancadas, Sobreda

25 de Novembro

Para quem viveu o 25 de Abril, o 28 de Setembro de 1974, o 11 de Março de 1975 e o 25 de Novembro de 1975, sabe que foram datas que marcaram a sociedade portuguesa e imprimiram rumos diversos na política nacional.

Sobre o 25 de Abril, foi a ruptura completa com o regime fascista que vigorou desde 1926, e confirmou-se com a adesão popular ao 1.º de Maio de 1974.

O 28 de Setembro foi a reacção do general Spínola e seus apoiantes ao início do processo de descolonização, que não estava em conformidade com o seu plano, inserido no seu livro Portugal e o Futuro.

O 11 de Março foi uma nova tentativa de parar o processo revolucionário e a descolonização.

O 25 de Novembro foi o travão ao processo revolucionário, dirigido pelo chamado Grupo dos Nove, militares que viram que não havia condições para a continuação do processo revolucionário devido à reacção das forças mais reaccionárias e conservadoras. Estas forças tentaram aproveitar-se para um regresso ao passado, ou seja, ao antes do 25 de Abril.

Quando hoje o CDS faz a proposta de comemoração do 25 de Novembro de 1975, acompanhado pelo PSD, Chega, Iniciativa Liberal, não está/estão a tentar uma mera comemoração mas sim mais uma tentativa de regresso ao 24 de Abril de 1974, ou não será?

Mário Pires Miguel, Reboleira

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