expresso.pt - 11 jun. 16:26
Governo ainda não reuniu com a ANA para negociar o novo aeroporto
Governo ainda não reuniu com a ANA para negociar o novo aeroporto
Ainda não é o momento para falar de montantes de investimento no novo aeroporto de Alcochete, afirmou esta terça-feira José Luís Arnaut, esclarecendo que as negociações com o Governo de Montenegro ainda não começaram. Investimentos planeados na Portela, Porto e Madeira vão ultrapassar os 300 milhões de euros, avançou, por seu lado, Thierry Ligonnière
José Luís Arnaut, presidente do Conselho de Administração da ANA - Aeroportos de Portugal, afirmou esta terça-feira no Parlamento, em resposta a perguntas dos deputados, que “não há qualquer negociação ou contrapartida” em curso relativamente à construção do novo aeroporto em Alcochete, que o gestor tem dito que poderá custar mais de sete mil milhões de euros.
“Ainda nem sequer reunimos [com o Governo] para começar a negociar”, esclareceu Arnaut. Há ainda um longo processo a percorrer, e um dos primeiros passos a dar é a constituição de uma comissão técnica para renegociar o contrato de concessão, o que ainda não aconteceu, afirmou o ex-deputado do PSD e agora presidente do conselho de administração da ANA, durante uma audição na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, na sequência de um requerimento do PCP sobre a privatização da concessionária, em 2012, e os últimos dez anos de gestão.
José Luís Arnaut explicou ao deputados que a ANA - Aeroportos de Portugal, vendida à francesa Vinci, tem 180 dias para apresentar um primeiro plano e 24 meses para o desenvolver, pelo que recusou-se a abordar o tema do novo aeroporto, ainda sem grande evolução para além do anúncio da localização. “Os prazos são os que estão na lei, mas o que puder ser mais rápido será mais rápido”, admitiu.
Não houve também grandes novidades sobre as obras de expansão do Aeroporto Humberto Delgado, que ocorrerão na sequência da escolha do Campo de Tiro de Alcochete como localização para o futuro aeroporto. Que obras serão essas ainda falta detalhar. O governo avançou que quer que a capacidade de Lisboa aumente para 45 movimentos por hora e que o aeroporto seja ampliado para que possa durar pelo menos mais dez anos, até Alcochete estar operacional.
Mais de 300 milhões de investimento em cima da mesaSobre investimentos nos aeroportos em fase de arranque, o presidente da comissão executiva (CEO), Thierry Ligonnière, avançou que estão planeados investimentos nos aeroportos de Lisboa, Porto e Madeira que irão ultrapassar os 300 milhões de euros.
Nessa soma incluem-se mais de 200 milhões de euros para a melhoria da operação no AHD, onde haverá um prolongamento do terminal 1, mais 50 milhões para o Porto e 25 a 30 milhões na Madeira. O gestor francês defendeu que a ANA tem feito sempre investimentos nos aeroportos portugueses, mas que estes nem sempre são visíveis para os passageiros, como são o caso, por exemplo, dos investimentos em segurança, no reforço da pista e na capacidade de estacionamento.
Thierry Ligonnière salientou que houve investimentos, como o prolongamento da taxiway, via que acompanha lateralmente a pista, que não foram concluídos porque obrigariam a ter mais espaço e implicariam a expropriação de terrenos. “Há muitos investimentos que estão a ser feitos que ultrapassam as nossas obriagações”, considerou o CEO da ANA.
Os gestores informaram ainda os deputados de que não fizeram obras no aeroporto de Lisboa durante o período da Covid-19 devido à incerteza sobre o futuro e a paragem da atividade económica, mas que essa decisão foi tomada em conjunto com o Governo anterior, de António Costa, enquanto se aguardava mais novidades sobre a localização do novo aeroporto.
“Houve investimentos que foram adiados tendo em consideração o modelo de desenvolvimento que se ia fazer, se era [aeroporto] complementar ou novo aeroporto”, explicou José Luís Arnaut. Mas “foi acordado com o governo”, acrescentou.