visao.ptRUI MANUEL TAVARES GUEDES - 10 jun. 01:18

Visão | O europeísmo, apesar de tudo, continua a resistir ao populismo

Visão | O europeísmo, apesar de tudo, continua a resistir ao populismo

A esmagadora maioria dos eleitores continua a votar por uma Europa sem fronteiras, assente na justiça social, na solidariedade entre nações, no respeito pela democracia e pelos direitos humanos

A União Europeia continua sob ameaça, mas a esmagadora maioria da sua população demonstrou, uma vez mais, que está disposta a resistir aos partidos que querem destruir o projeto unificador e de progresso, responsável pelo maior período de paz jamais registado no chamado velho continente.

Apesar do crescimento dos partidos populistas e de direita radical em alguns países fundadores do projeto europeu, a realidade é que o sentido de voto dos cidadãos dos 27 estados-membros – naquela que é a segunda votação com mais eleitores do planeta – foi claro: os partidos europeístas, do centro-direita e do centro-esquerda, mas também os liberais e os verdes, continuam a ocupar a maioria do novo Parlamento Europeu.

No entanto, também é verdade que, de uma forma ou de outra, a extrema-direita que vocaliza todas as ideias contrárias aos valores europeus teve razões para cantar vitória em alguns dos países mais importantes e populosos do bloco: os partidos que a corporizam foram os mais votados em França, Áustria e Itália, e ficaram em segundo lugar na Alemanha, Holanda e Polónia. Mas não deixa de ser significativo, igualmente, que em muitos outros países esses partidos tenham visto a sua votação diminuir (como aconteceu com o Chega em Portugal), contrariando a ideia de que viria aí uma onda nacionalista a varrer toda a Europa.

Apesar de tudo, a esmagadora maioria dos eleitores continua a votar por uma Europa sem fronteiras, assente na justiça social, na solidariedade entre nações, no respeito pela democracia e pelos direitos humanos. Embora os partidos das principais famílias europeístas (populares, socialistas, liberais e verdes) tenham diminuído a sua força, continuam a ter mais de 60% dos assentos no Parlamento Europeu. E isso, para todos os efeitos, não pode ser menorizado. Tem, aliás, de ser realçado. Até porque exige uma nova e urgente responsabilidade a todos esses partidos, se quiserem continuar a lutar pelo sonho europeu: a de corrigirem os erros que deram força ao populismo, preocuparem-se mais com a coesão e a solidariedade entre populações, aprofundarem os processos democráticos nas instituições europeias e, acima de tudo, criarem os mecanismos necessários para diminuírem as desigualdades e fortalecerem o estado social, que é o “sistema” que melhor distingue a Europa face ao resto do mundo.

Sobra ainda uma outra responsabilidade, mesmo que, atualmente, já não seja muito popular, como se viu nestas eleições: a de continuar a batalha pela transição energética, de forma a assegurar o nosso futuro coletivo, perante a ameaça das alterações climáticas. Pode não garantir votos agora, mas pode ser determinante nos próximos anos – se calhar, até mais cedo do que pensamos.

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