www.publico.ptpublico.pt - 9 jun. 05:20

Cartas ao director

Cartas ao director

As offshores e a ocultação de esquemas criminosos

A condenação em 1.ª instância de Manuel Pinho e Ricardo Salgado no caso EDP deixou claro como as offshores são usadas para esconder esquemas criminosos e os seus verdadeiros beneficiários. Segundo o tribunal, Pinho e a sua mulher criaram duas offshores para ocultar pagamentos corruptivos de Ricardo Salgado com o objectivo de defender os interesses do Grupo Espírito Santo no governo, enquanto Pinho foi ministro da Economia de Sócrates.

As offshores, aparentando propósitos legítimos, permitem transferir e branquear grandes somas de dinheiro sujo para contas em jurisdições com pouca ou nenhuma transparência financeira, dificultando a identificação dos proprietários e a rastreabilidade dos fundos. Este caso ressalta a necessidade de legislação mais apertada, tanto a nível europeu como nacional, contra o uso e a transferência de fundos para paraísos fiscais.

Tomás Júdice, Lisboa

A caminho do matadouro

Em Agosto de 2014, em Ilovaisk, deu-se a primeira grande batalha entre ucranianos, soldados russos e milícias separatistas do Donbass, envolvendo artilharia, blindados e outros meios convencionais. Da derrota ucraniana nasceu o Acordo de Minsk I. Passados dez anos, a passo e passo, vamos assistindo à escalada da guerra, nomeadamente com destruição na Rússia dos radares de alerta precoce, o único equipamento que pode prevenir o erro de avaliação por satélite dum ataque nuclear.

A questão essencial que pode determinar a alteração de todos os dossiers europeus não foi minimamente debatida na campanha eleitoral. Alimentar uma guerra tendo por objectivo derrotar militarmente a Rússia, mesmo que haja muita razão para isso, ofusca a pergunta: esperam que uma potência nuclear seja derrotada sem esgotar todos os meios? E nesse caso o que esperam de uma guerra nuclear? É isso que por anseiam os eleitores? Como bovinos acéfalos caminhamos para um matadouro, ruminando ninharias.

José Cavalheiro, Matosinhos

O massacre da Praça de Tiananmen

Em 5 de Junho de 1989 e após as tropas chinesas terem começado, um dia antes, a reprimir de uma forma absolutamente desumana os manifestantes que tinham ocupado a Praça de Tiananmen há mais de um mês na luta pela democracia, um homem parou ostensivamente à frente de uma coluna de tanques. Um homem corajoso. Um anónimo. Um lutador que, felizmente para ele, outro anónimo retirou do local e o enfiou num hotel.

O Governo chinês matou muita gente, fazendo os tanques avançar sobre as pessoas e disparando sobre elas. O número estimado de mortos é de cerca de dez mil para além de um número quase igual de pessoas detidas. Na China, ainda hoje, tudo o que diz respeito a este massacre é proibido e, por isso mesmo, a maioria dos chineses não sabe, ainda hoje, o que foi o massacre de Tiananmen. Há homens assim. Há pessoas para quem a luta pela liberdade não tem limites e que estão dispostas a oferecer a própria vida por ela. Por isso recordo também, Jan Palach, que em 16 de Janeiro de 1969 e com vinte anos, ateou fogo a si próprio na Praça de São Venceslau, em Praga, para reagir à invasão da República Checa pela URSS realizada em Agosto de 1968. Mais uma vez quem lutava pela liberdade e apoiava o governo liderado por Alexander Dubcek nas suas reformas é massacrado pelos ditadores, sejam chineses ou russos. É imperioso que tenhamos consciência de que a liberdade está permanentemente em perigo e que, assim pensando, estejamos sempre dispostos a defendê-la e a lutar por ela.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

A humanidade tem outras guerras

Temos de tudo fazer para que o Planeta Terra seja preservado, cuidado e perpetuado para que nós, filhos, netos, bisnetos e por aí adiante, possam(os) fruir e tudo fazer(mos) para que a Vida seja uma aprendizagem construtiva permanente. Se cada um de nós fizer a sua parte é um avanço... Não precisamos de belicismos e menos ainda de consequentes guerras.

A humanidade já tem que chegue e em farta demasia inimigos comuns: a miséria levada ao extremo, nos sem-tecto, classificados como paupérrimos; a pobreza, que não pede por dignidade ou vergonha, tendo direito a recorrer a apoios sociais, cada vez menos abundantes... A escassez económica: é revelada pela ignorância, pela fome, não só de pão, mas também de formação, de instrução; na doença é mais sentida e menos assistida. E, sobretudo, pelos baixos salários!

A humanidade tem uma tarefa hercúlea para resistir à falta de um pedaço de chão para semear comestíveis, resistir à falta de água, de electricidade. A prolongada falta de ganha-pão é quase tão problemática, quanto é a premonitória agressividade climática/ambiental, provocada, significativamente, pelo capitalismo desenfreado. São estes os dilemas/inimigos que temos de combater.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

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