Ricardo Costa - 23 mai. 10:19
A felicidade é lucrativa
A felicidade é lucrativa
Vivemos numa era de paradoxos. Enquanto a tecnologia avança, prometendo otimizar a nossa eficiência e ampliar os nossos horizontes, um número crescente de pessoas relata sentimentos de insatisfação e exaustão no trabalho. Face a isso, a equação proposta no meu livro, "A Felicidade é Lucrativa", pode parecer simples, mas sua implementação é revolucionária: Pessoas felizes + bem-estar + ambientes saudáveis = empresas mais produtivas e lucrativas
Desde a criação do primeiro Departamento da Felicidade em Portugal, em 2017, temos observado uma transformação gradual, mas significativa na forma como as empresas percebem e valorizam os seus colaboradores. A premissa é clara: não se trata apenas de gerar lucros, mas de criar um ambiente onde os trabalhadores possam prosperar. Afinal, um colaborador feliz não é apenas um número numa folha excel; é um ser humano integral, cuja satisfação se reflete diretamente na qualidade do seu trabalho e no sucesso da empresa.
A discussão sobre o bem-estar no local de trabalho não é nova, mas a urgência de abordá-la nunca foi tão evidente. Com a ascensão de condições como o burnout e o rust-out, é imperativo repensar modelos de gestão que foquem a saúde mental e física dos colaboradores. O modelo tradicional, em que a pressão e o stress são vistas como parte integrante do “caminho para o sucesso”, está obsoleto e é contraproducente.
Estudos recentes corroboram esta visão. De acordo com a Gallup, empresas com altos níveis de comprometimento dos colaboradores reportam 21% mais produtividade em comparação com aquelas onde o comprometimento é baixo. Outro estudo da Universidade da Califórnia mostra que colaboradores felizes são até 12% mais produtivos. Estes dados evidenciam não apenas uma correlação, mas uma causalidade clara entre bem-estar e desempenho superior.
No livro “A Felicidade é Lucrativa" proponho um novo paradigma, em que a felicidade no trabalho não é um luxo, mas uma ferramenta estratégica. Ao investir no bem-estar dos colaboradores, as empresas não só melhoram o ambiente de trabalho, mas também potencializam a sua própria capacidade de inovação e competitividade. Os exemplos das empresas que adotaram essa nova postura são claros: onde há felicidade, há comprometimento; onde há comprometimento, há excelência; e onde há excelência, há produtividade.
A transformação começa no reconhecimento de que cada colaborador tem aspirações únicas e que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é crucial. Como líderes e gestores, o nosso papel deve transcender a mera supervisão; devemos ser facilitadores, incentivando e proporcionando os meios para que cada um atinja o seu pleno potencial. Este é o fundamento de uma cultura corporativa que valoriza e cultiva o capital humano.
Portugal está na vanguarda dessa transformação. As iniciativas que implementei e testemunhei levam-me a crer que estamos no caminho certo. No entanto, o caminho é contínuo. Cada empresa, cada líder e cada colaborador tem um papel vital nesse processo. É uma questão de perspetiva, e a perspetiva que escolhemos é a de que a felicidade é, de facto, lucrativa.
Concluo com um convite à reflexão para todos os empresários, gestores e trabalhadores: considerem não apenas o que as suas empresas fazem, mas como o fazem. A felicidade no trabalho não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas um indicativo crucial de sucesso empresarial sustentável. Afinal, no final de tudo, não é isso o que todos queremos?