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Poemas de Lawrence Ferlinghetti que marcaram geração beat têm edição portuguesa 66 anos depois

Poemas de Lawrence Ferlinghetti que marcaram geração beat têm edição portuguesa 66 anos depois

A coletânea de poemas de Lawrence Ferlinghetti intitulada “Uma Coney Island da Mente”, considerada uma “obra fundamental da Geração Beat”, foi publicada este mês pela Antígona, numa versão bilingue, ...

Este é, segundo a editora, o livro de poesia mais vendido nos EUA na segunda metade do século XX e “uma crítica sã a uma América transformada em grotesco parque de diversões, num horizonte de ‘pradarias sedadas, subúrbios de supermercados e catedrais protestatárias’”.

“Uma Coney Island da Mente” (original de 1958) é uma “metáfora e alegoria da vida moderna”, pelo autor da ‘Beat Generation’, que ousou editar os seus contemporâneos e fundar a casa livreira City Lights, em São Francisco.

A obra está dividida em três partes, a primeira das quais reúne o conjunto de poemas que dá título ao livro, “A Coney Island of the Mind” (no original), retirado de um conto de Henry Miller.

Como explica o autor, numa pequena nota introdutória, o título do livro é retirado do conto “Into the Night Life”, de Henry Miller, e é usado fora do contexto, mas expressa o modo como se sentia em relação a estes poemas quando os escreveu: “como se, em conjunto, formassem uma espécie de Coney Island da mente, uma espécie de circo da alma”.

A segunda parte, “Mensagens Orais”, foi escrita para ser ouvida ao som de jazz, e inclui poemas como “Estou à Espera”, “Obbligato do Sucateiro” e “Cão”.

“Estes sete poemas foram concebidos especificamente para serem acompanhados com jazz, devendo assim ser considerados ‘mensagens orais’ espontaneamente proferidas, em vez de poemas escritos para a página impressa”, escreve Lawrence Ferlinghetti.

O autor refere ainda que os poemas “Autobiografia” e “Obbligato do Sucateiro” se encontram na gravação em LP n.º 7002 da discográfica Fantasy, “Poetry Readings in the Cellar”, que fez com o poeta e tradutor Kenneth Rexroth (1905-1982) e com o Cellar Jazz Quintet de São Francisco.

A terceira parte do livro é uma seleção de poemas retirados do seu primeiro livro, “Pictures of the Gone World”, publicado em 1955, na coleção Pocket Poets.

“Refletindo sobre o ofício do poeta, acrobata ‘sempre a arriscar o absurdo’, numa sociedade massificada que lhe torceu ‘o arame da invenção’, este volume destila uma liberdade e irreverência que o convertem num clássico da poesia contemporânea”, considera a editora.

Considerado o patrono anarquista dos poetas norte-americanos, Lawrence Ferlinghetti (1919-2021) tornou-se pacifista depois de testemunhar a destruição de Nagasaki, postura que cultivaria toda a vida, a par de uma salutar desconfiança dos poderes instituídos.

Em 1953, fundou a Livraria City Lights, em São Francisco, palco da contracultura beat e de leituras acompanhadas de jazz e álcool pela noite adentro, onde figuras como Jack Kerouac e William S. Burroughs marcaram presença.

Editor de Charles Bukowski e de Paul Bowles, publicou “Uivo” (1956), de Allen Ginsberg, que o levaria à barra do tribunal num processo histórico pela liberdade de expressão nos Estados Unidos.

Autor de mais de quarenta obras, Ferlinghetti quis – nas palavras da editora – libertar a poesia do mofo da academia e dar voz a autores necessários.

Por isso, afirmava: “Não me dei conta de que era poeta, dei-me conta de que tinha algo a dizer”.

Além deste livro que agora se publica, estão editados em Portugal “A boca da verdade” (1986), numa edição do autor e do tradutor, “Como eu costumava dizer” (1972), pela Dom Quixote, “A poesia como arte insurgente” (2016), pela Relógio d'Água, e “Rapazinho” (2019), pela Quetzal.

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