expresso.ptexpresso.pt - 16 mai. 15:06

Ativista lança ao mar garrafas com arroz para salvar vidas na Coreia do Norte

Ativista lança ao mar garrafas com arroz para salvar vidas na Coreia do Norte

Há quase dez anos que Park Jung-oh, atualmente a viver na Coreia do Sul, usa garrafas de plástico para fazer chegar ajuda. Pelo oceano não segue apenas arroz, mas também dinheiro e outros bens

Há perto de uma década que Park Jung-oh envia garrafas de plástico com arroz e outros bens para a Coreia do Norte - o país onde nasceu - com o objetivo de salvar vidas.

O ativista opera a partir da ilha de Seongmodo, na Coreia do Sul, e não se limita a enviar arroz - por norma, um quilo. As garrafas que deita ao mar são também a forma de tentar fazer chegar outros materiais: uma pen USB com músicas de K-pop, K-drama ambientado no Norte, alguns vídeos que comparam as duas Coreias e ainda uma cópia digital da Bíblia.

Excecionalmente, parte das garrafas chegaram ainda a levar um dólar americano, para que os destinatários pudessem trocá-lo por moedas norte-coreanas ou chinesas. E durante o período pandémico, foram enviados analgésicos e máscaras de proteção.

Filho de um espião que deixou o seu país há 26 anos, Park Jung-oh vive desde essa altura na Coreia do Sul e resolveu chamar a si a missão de ajudar aqueles que, conforme diz, “obedecem ao Estado sem questionar, temendo as consequências da dissidência”.

Em 2015, com a ajuda da sua mulher, criou a organização Keun Saem e procuraram informação, junto dos navegantes locais e do Instituto Coreano da Ciência e Tecnologia Oceânica, para perceberem como é que os fluxos de água poderiam permitir fazer chegar bens até às margens do Norte, usando garrafas de plástico.

Apesar de o fazer há vários anos, a partir de Junho de 2020, o ativista teve de tomar cautelas e deixou de poder lançar as garrafas abertamente, quando a Coreia do Sul proibiu o envio de material “anti-Coreia do Norte” através da fronteira.

Em Setembro passado, o Tribunal Constitucional anulou essa proibição, no entanto Jung-oh não quis atrair muitas atenções e só retomou a atividade no dia 9 de abril deste ano.

"Isso significou um novo começo para o meu ativismo", afirma.

A encorajá-lo, estão os vários relatos de pessoas que receberam as garrafas, como foi o caso de uma família de nove pessoas, que acabou por desertar, deixando a Coreia do Norte no início de 2023.

Texto escrito por Ana Raquel Pinto, editado por Mafalda Ganhão

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