expresso.pt - 16 mai. 15:30
Cinema: "O Reino do Planeta dos Macacos" brilha nos efeitos digitais e peca no resto
Cinema: "O Reino do Planeta dos Macacos" brilha nos efeitos digitais e peca no resto
Regresso ao planeta dos macacos, onde agora há um símio populista muito parecido com gente que aí anda
Quando vejo uma mulher jovem, centenas de anos depois do colapso absoluto da civilização humana, usando uma t-shirt de alças ou umas calças justas, devidamente cortadas na zona dos joelhos, a minha capacidade de acreditar na ficção que me querem dar a ver esmorece à velocidade de uma bateria a descarregar quando o alternador deixa de fazer o seu trabalho. Foi o que me aconteceu algures neste novo capítulo de um franchise duradouro que existe desde os anos 60, renovado em 2001, quando Tim Burton repegou na novela de ficção científica de Pierre Boulle e insuflou ânimo a um universo adormecido. Poderão dizer-me que, porventura, a civilização humana não tinha mesmo colapsado, mas isso é apenas isco para justificar que este “O Reino do Planeta dos Macacos” seja o início de uma nova trilogia, ou tetralogia, ou mesmo penta ou o que for indrominado por quem mandar na Disney e no seu braço 20th Century Studios (já sem Fox na designação), detentor dos direitos. O que quero dizer com este pormenor de guarda-roupa — e também poderia dizer acerca de muitos outros detalhes, como as instalações elétricas funcionais séculos sem uso, sabendo a velocidade com que se degradam nas nossas casas em décadas? Quero dizer que a capacidade adulta de questionar a verosimilhança pode pôr, num instante, em causa, um inteiro edifício ficcional, assim terminando a relação de confiança entre o espectador e o ecrã. Só por questões destas, “O Reino do Planeta dos Macacos” já está com o bordo debaixo de água.
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