sol.sapo.ptmagalhaes.afonso@newsplex.pt - 15 mai. 12:14

Kharkiv

Kharkiv

A eventual ofensiva de verão agora em preparação avançada pelas Forças Armadas de Putin, pretende explorar uma Ucrânia exausta e à espera desesperadamente dos reforços militares em armamento e equipamento vindos dos EUA e da Europa

Os objetivos decisivos são isso mesmo. Decisivos e absolutos. Permitem a consagração de uma ideia, de uma estratégia ou a concretização de uma vontade explícita. . Sistemas de defesa antiaérea, munições de artilharia, mísseis de longo alcance, viaturas militares de combate e claro os F16. Também os efetivos militares na frente de combate escasseiam e transformaram-se numa enorme dor de cabeça para a liderança militar da Ucrânia.

Para já o que sabemos é que as Forças Armadas russas deram início a uma operação militar ofensiva que se estende ao longo da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia na região norte de Kharkiv. Este ataque poderá ser a primeira fase da ofensiva prevista para o final de maio, princípios de junho, e estas ações iniciais como sendo parte do “reconhecimento em força” dessa mesma operação. Fixar forças ucranianas nesta região, fazer recuar as defesas ucranianas da zona de fronteira e obrigar o comando militar ucraniano a desviar forças da frente leste são certamente objetivos militares concorrentes. Esgotar as reservas ucranianas, enfraquecer o moral das tropas e criar o pânico nas populações serão certamente outras das intenções previstas.

A cidade de Vovchansk (a nordeste da cidade de Kharkiv) poderá ser a primeira a cair nas mãos dos russos. Mas igualmente Lyptsi e pequenas localidades fronteiriças como Pletenivka, Ohirtseve, Borysivka, Pylna, Strilecha e Buhruvatka. A nova dimensão da campanha aérea com o lançamento sistemático das designadas bombas planadoras (Glide bombs) tem estado bem presente na região, atingindo fortemente Vovchansk. Os ataques com a aviação russa a Kharkiv podem ser executados sem os meios aéreos saírem do “santuário do espaço aéreo russo”, ou seja lançados ainda em território russo, e na prática sem poderem ser batidos por meios de defesa aérea ucraniana. A cidade de Kharkiv fica a 40 km da fronteira russa, e as ditas bombas planadoras (com asas estabilizadoras, GPS e antena anti-empastelamento) têm um alcance de 40 a 60 km. No entanto, e para já, as forças militares russas estacionadas e posicionadas junto à fronteira pelo seu número, não parecem ter capacidade efetiva para conquistar Kharkiv.

Veremos qual o evoluir da situação que não se afigura fácil para a estratégia militar de Kiev. O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken ao encontrar-se esta semana em Kiev com Zelensky deu o sinal político da importância de Kharkiv para o futuro da guerra na Ucrânia. O cancelamento da visita do Presidente Zelensky a Espanha e a Portugal, anunciada para esta semana, é igualmente a demonstração da preocupação que o atual momento exige.

 Por  outro lado o novo Ministro da Defesa da Rússia Andrei Belousov terá aqui um teste e um desafio à ambição militar expansionista de Putin. Uma economia de guerra, a par das pesadas sanções ocidentais não são compatíveis com um desenvolvimento económico sustentável e os desafios que uma sociedade moderna exige. Mesmo num regime de cariz autocrático. Por isso também a pressa em atingir os objetivos decisivos. Cabe aos aliados da Ucrânia, em especial à Europa e aos EUA, reafirmarem e assumirem que o restabelecimento das fronteiras da Ucrânia são também um objetivo decisivo não só da Ucrânia, mas de toda a Europa.

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