expresso.ptHenrique Raposo - 15 mai. 09:22

Para rural, Montenegro não está nada mal

Para rural, Montenegro não está nada mal

Além de ter derrotado Ventura num debate, além de ter mantido o Chega fora do poder, além da polémica mas real redução de impostos que surge acompanhada de uma ajuda para os idosos mais pobres, além das ideias inovadoras para a educação, Montenegro é agora figura central na decisão que vai revolucionar a Grande Lisboa: o novo aeroporto e nova ponte

Há regras não escritas no comentário de “Lesboa”, a bolha mediática e social, que fazem lembrar o pátio do liceu. Muitas vezes sem percebermos bem porquê, um político é tomado de ponta e é gozado por todos. Lembro-me de Álvaro Santos Pereira, por exemplo, que passou a ser o bobo de serviço quando ousou dizer que devíamos ser audazes na exportação dos nossos símbolos, como o pastel de nata. Mas quem é que tinha razão? Os profissionais do cinismo de “Lesboa” ou o tal ministro alegadamente totó? O ministro. O pastel é hoje um símbolo internacional e temos marcas fortes a expandir o negócio tendo o nata como âncora.

Depois há uma óbvia preferência de “Lesboa” pelos líderes do PS, “os urbanos” em detrimento dos líderes do PSD, “os rurais”. Fizesse o que fizesse, dissesse o que dissesse, Costa tinha sempre boa imprensa, porque é um ungido de Lisboa e de “Lesboa”. Deixa o país num caos nunca visto em vários sectores e a caminho da cauda da Europa, mas ainda é adorado.

Já Passos ou Montenegro são “rurais”, para usar a expressão do próprio Presidente da República, outra personalidade da bolha. Digam o que disserem, façam o que fizerem, nunca terão o reconhecimento que merecem – tal como Cavaco. E, já agora, lembram-se de como um tabu criticar José Sócrates antes da sua queda?

Eu desconfiava e desconfio das capacidades de Montenegro porque é essa a minha atitude de base. Um político faz-se no caminho. Passos era grande em 2015, não em 2011. Mas olhemos para factos.

Montenegro foi o único político que venceu um debate com Ventura de forma clara nos últimos anos, porque encontrou o tom certo (um timbre de gozo).

Montenegro teve coragem para fazer aquilo que muitos consideravam impossível, manter o Chega fora do poder e assumindo, em consequência, uma governação em minoria e cercado à esquerda e à direita.

Falou-se disto e daquilo, mas no final do dia Montenegro é o primeiro primeiro-ministro que baixa impostos na minha vida adulta. Baixou pouco? Não comunicou bem? Mas baixou e promete baixar mais num contexto demográfico ainda muito difícil para a redução da carga fiscal.

Deu um aumento substancial aos idosos mais pobres.

Além de ter derrotado Ventura num debate, além de ter mantido o Chega fora do poder, além da polémica mas real redução de impostos que surge acompanhada de uma ajuda para os idosos mais pobres, além das ideias inovadoras para a educação, Montenegro é agora figura central na decisão que vai revolucionar a Grande Lisboa: o novo aeroporto e nova ponte.

Como líder da oposição, foi fundamental na imposição da tal equipa de estudiosos. Agora como primeiro ministro toma a decisão. E aqui importa ainda salientar que toma a decisão negando a narrativa que a esquerda tinha montado: o PSD, diziam, nunca sairia da narrativa preferida pela ANA do Arnaut. Portanto, para rural, Montenegro não está nada mal.

Já é Subscritor? Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler
NewsItem [
pubDate=2024-05-15 10:22:46.945
, url=https://expresso.pt/opiniao/2024-05-15-para-rural-montenegro-nao-esta-nada-mal-0457c5d2
, host=expresso.pt
, wordCount=495
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_05_15_431747111_para-rural-montenegro-nao-esta-nada-mal
, topics=[opinião]
, sections=[opiniao]
, score=0.000000]