Duarte Marques - 14 mai. 11:39
Habemus debate
Habemus debate
Se ninguém estragar o “quadro”, esta campanha pode muito bem ser um sucesso como espaço de reflexão sobre os temas europeus
Portugal entrou ontem com o pé direito nas eleições europeias de 2024 com o primeiro debate entre quatro candidatos ditos “moderados”. Falou-se de Europa, num debate civilizado e onde foi possível ouvir toda a gente sem atropelos.
Mas qual é a novidade? Houve um debate europeu onde se falou de Europa? Incrível não é? Mas não deveria ser novidade. Mas sim, finalmente assisti a um debate sobre os principais temas europeus que estão na agenda como o Pacto das Migrações, a política europeia de Defesa, os recursos próprios ou as alterações climáticas.
Resta saber se os próximos “rounds” manterão o “nível” e se os canais de televisão vão manter a estratégia. Digo isto porque importa dizer que o mérito ou a responsabilidade de ter temas europeus nos debates depende sempre mais dos moderadores do que dos convidados. Ao longo dos anos assisti demasiadas vezes aos próprios jornalistas a puxarem pelos temas “nacionais” para depois os comentadores, também jornalistas, criticarem a campanha europeia por se focar demasiado na política nacional. Desta vez começámos bem.
O debate de ontem foi tão bom que alguns dos “comentadores” e “analistas” só conseguiram criticar o candidato da AD por ter feito “questão de trazer propostas para o debate” ou por ter sido “demasiado construtivo” para fugir à sua imagem de “mais selvagem”. .
Resta saber se os partidos mais radicais ou menos europeístas estão disponíveis para fazer debates com o mesmo nível de conhecimento, de urbanidade e de honestidade intelectual.
Resta também saber se os moderadores dos pŕoxímos debates vão também eles manter o foco das perguntas nos temas europeus. Ao contrário do que possam pensar, este pormenor é fundamental pois a falta de adesão popular ao debate pode criar a tentação de inverter a estratégia.
Por outro lado, é cada vez mais importante ter capacidade de desfazer algumas fake news, umas propositadas outras por ignorância ou mero lapso, mas que não deixam de induzir em erro quem assiste a estes debates. Era útil, como já escrevi no passado, ter uma ferramenta ou um painel que fosse alertando as pessoas sempre que alguém se engana, mente, ou induz em erro os telespectadores.