rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 26 abr. 17:36

​Um “chefe forte”? Forte, no caso, quer dizer autoritário.

​Um “chefe forte”? Forte, no caso, quer dizer autoritário.

Os 50 anos do 25 de abril e o 25 de novembro, as linhas com que se cosem os comentários políticos e a recondução de Nicolau santos como presidente da RTP são alguns dos temas destas Novas Crónicas da Idade Mídia.

O 25 de Abril faz 50 anos. Não há a mais leve comparação entre o Portugal de hoje e o de há cinco décadas. O caminho da democracia venceu indiscutivelmente atrasos deploráveis em todos os planos da vida das pessoas e das famílias, perpetuados pelo Estado Novo. É claro que há ainda muito caminho para caminhar, mas o dado mais surpreendente da sondagem Expresso/SIC de 6ªfeira passada (19.Abr) é que um terço dos portugueses prefere um “chefe forte”. No caso, forte quer dizer autoritário. E não eleito.
Ainda mais surpreendente é o facto de os inquiridos identificarem Salazar e Salgueiro Maia como os dois principais nomes associados ao 25 de Abril. E não Sá Carneiro ou Mário Soares que, de resto, liderou politicamente o processo e mobilizou a sociedade para a defesa intransigente da liberdade que acabou por vir a concretizar-se no 25 de novembro. A boa notícia é que mais de 66% faz uma avaliação positiva do desempenho da democracia. O presidente Eanes explicou na televisão (domingo passado, na SIC) que as duas datas, abril e novembro, se completam, que não existem uma sem a outra. Abril foi o momento fundador de uma nova vida para o país; novembro é o momento “purificador” dos ideais de abril, consagrando a liberdade.

Também por isso se percebe com dificuldade a decisão de Nuno Melo ter aproveitado o Congresso do partido dele para revelar que o governo vai criar uma comissão para celebrar o 25 de novembro. Talvez porque o CDS não tinha nenhuma ideia para apresentar, deitou mão de uma iniciativa de que se fala há muito, sabendo-se como se sabe que a data não é consensual nos partidos da esquerda. Tendo sido Mário Soares o rosto e o protagonista político que conduziu ao golpe militar de novembro, tendo o PS estado na primeira linha das trincheiras em defesa da liberdade, percebe-se mal que a atual direção socialista não se alinhe com a defesa da comemoração da data.


A decisão de Sebastião Bugalho de encabeçar a lista da AD ao Parlamento europeu vem reforçar a necessidade, de que temos falado aqui várias vezes, de os comentadores fazerem declarações de interesse, para que os cidadãos possam perceber de onde vêm e o que pretendem. O trânsito do jornalismo (e do comentário político) para a esfera partidária deve ter regras claras. Mas, sobretudo, o acesso ao comentário deve ser feito com a definição sem reservas da origem do protagonista. De resto, os comentadores começam a experimentar novos talentos. Marques Mendes dá notícias (algumas não se confirmam ou são mesmo desmentidas) e, agora, também entrevista, como se viu na SIC, com a presença do General Eanes no Jornal da Noite do passado domingo.


O CGI (Conselho Geral Independente) da RTP indigitou Nicolau Santos para novo mandato. É verdade que o CGI não está obrigado a fazer um concurso público para a gestão da rádio e televisão públicas, mas fê-lo no passado. Nicolau e a sua equipa foram escolhidos entre 12 candidaturas. Para a renovação de mandato não é preciso um concurso público?


Em suplemento ao programa, os Grandes Enigmas. Perante a invasão do seu chão sagrado e a agressividade dos adeptos, os jogadores de futebol não podem defender-se? E se o fizeram são expulsos? Aconteceu no Chaves - Estoril na última jornada da I Liga.


50 anos depois de Abril, fica um poema de Carlos Grade:

Solta-se a luz ao bater das asas namora a gaivota o inquieto Tejo ou é só desejo? (mas mesmo assim) o labirinto do amor colonizado advinha-se nas mãos a tecer a aranha a política hoje é muito estranha (e ainda assim) uma estrada por caminho, uma espingarda trocada por um cravo, o rebentar das águas a revolução a engolir tantas mágoas (e ainda) estávamos na rua no lugar do 25 de abril 50 Anos depois estou perdido na cidade mas ainda cantamos juntos a liberdade (ainda e sempre)
NewsItem [
pubDate=2024-04-26 18:36:05.0
, url=https://rr.sapo.pt/artigo/novas-cronicas-da-idade-midia/2024/04/26/um-chefe-forte-forte-no-caso-quer-dizer-autoritario/376078/
, host=rr.sapo.pt
, wordCount=644
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_04_26_1284389904_-um-chefe-forte-forte-no-caso-quer-dizer-autoritario
, topics=[informação, programas]
, sections=[]
, score=0.000000]