Henrique Raposo - 4 abr. 10:53
Misoginia: ar que se respira
Misoginia: ar que se respira
Quando um assassino ataca apenas negros, judeus, muçulmanos ou gays, fala-se em “racismo” ou “homofobia” e isola-se uma cultura que ensina esse ódio. Mas quando um assassino mata apenas mulheres de uma forma obsessiva, não se fala em misoginia. As séries, filmes e reportagens preferem a narrativa do serial killer como um anjo negro luciférico
A misoginia é uma marca cultural tão forte que por vezes acaba por ser o próprio ar que se respira; torna-se invisível porque é a própria mobília da casa, sempre esteve ali. É por isso que retirar ou queimar aqueles móveis causa incómodo mental a quem gosta de viver no mofo da constância, no bafio da segurança.
O desconforto cultural que está a montante do populismo de direita vem daqui, não vem do voto económico descontente; sim, isso aparece e junta-se à bola de neve a jusante, mas, a montante, a força motora da bola de neve é este medo perante a retirada de uma mobília antiga que cheira a caruncho. So very typical, o carucho, não é?
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