publico.pt - 4 abr. 12:34
Academia de Pinto da Costa ou centro de Villas-Boas? Os projectos vistos à lupa
Academia de Pinto da Costa ou centro de Villas-Boas? Os projectos vistos à lupa
Presidente do FC Porto apresentou nova academia do clube na Maia, candidato propõe complexo junto ao centro de treinos do Olival. Saiba o que separa os dois projectos, da dimensão aos custos.
As eleições do FC Porto aproximam-se a passo rápido, faltando menos de três semanas para o dia 27 de Abril, data para o acto eleitoral que se projecta o mais concorrido nos 130 anos de história do clube. A necessidade de uma nova infra-estrutura para os “dragões” é um dos pontos de união entre Pinto da Costa e André Villas-Boas, adversários na corrida às eleições portistas.
Pinto da Costa apresentou, na qualidade de presidente do FC Porto, a nova academia do clube na Maia, confirmando o cumprimento de uma promessa que não está dependente das eleições – tendo o clube já assinado contratos para salvaguardar o arranque da construção sob uma nova direcção.
Do lado do ex-treinador, a vontade de um Centro de Alto Rendimento (CAR) no Olival não passa, para já, de uma vontade – sendo primordial uma vitória eleitoral para que o projecto se concretize. Parece estar, até, de "mãos atadas" no que a este tema diz respeito, se os contratos já assinados pela direcção do FC Porto estiverem blindados com cláusulas fortes.
Convém também perceber a utilização que cada quer dar ao respectivo complexo. A academia do FC Porto na Maia concentrará as camadas jovens e pode receber também jogos da II Liga, com o plantel principal a manter-se no actual centro de treinos do Olival. Já o CAR de André Villas-Boas servirá para concentrar as equipas profissionais do clube (seniores, equipa B, sub-19 e futuras equipas femininas), transferindo para o actual centro de treinos as camadas jovens.
Maia com dobro dos camposO elemento diferenciador mais notório "a olho nu" prende-se com a dimensão. A academia apresentada por Pinto da Costa incorporará dez relvados com medidas oficiais e iluminação, o dobro dos propostos para o CAR no Olival. Além disso, o complexo na Maia contará também com um mini-estádio com capacidade para 2000 pessoas, bem como 72 quartos duplos para os jovens dos diferentes escalões. As residências contam ainda com áreas de estudo e outros espaços comuns.
Além dos cinco relvados já referidos – um dos quais contará com uma bancada com 2000 lugares –, o CAR proposto por André Villas-Boas terá um pavilhão destinado às modalidades, com o projecto a apontar a existência de 48 quartos à disposição da estrutura das equipas profissionais. A lista do ex-treinador focou a existência de todas as condições para o acolhimento da equipa principal e restantes escalões profissionais.
Os terrenos são outra das diferenças à partida para a construção. No momento em que este texto é escrito, o FC Porto não detém qualquer parcela de terreno para a academia da Maia, mas é praticamente certo que, ainda no final de Abril, os 23 hectares de área total estejam já do lado dos “dragões”.
A autarquia da Maia colocará em hasta pública 14 hectares, com o FC Porto a ter já acautelada a compra dos restantes nove hectares à construtora Alexandre Barbosa Borges (ABB), detentora dos terrenos adjacentes, caso os terrenos do município sejam assegurados. Não é expectável que os portistas sejam superados na hasta pública, visto que os terrenos se destinam à construção de um complexo desportivo. O valor base dos lotes em hasta pública é de 3,36 milhões de euros (23 euros o metro quadrado), não sendo ainda conhecido o valor a pagar à ABB pelos restantes lotes.
Do lado de Villas-Boas, o terreno para o CAR no Olival é já garantido. O ex-treinador assinou um contrato-promessa de compra e venda por 3,85 milhões de euros, adiantando que, no cenário de derrota eleitoral, estará disposto a colocar este terreno – que pertencia à família Amorim – à disposição do FC Porto. O novo CAR situar-se-á a cerca de 500 metros do actual centro de treinos portista em Vila Nova de Gaia, com André Villas-Boas a defender a proximidade geográfica entre camadas jovens e equipa principal.
No total, o terreno em causa tem 190 mil metros quadrados e apresenta uma classificação variada no Plano Director Municipal de Vila Nova de Gaia, incluindo uma estrutura ecológica fundamental. A área de construção será, por isso, mais reduzida nesta primeira fase.
Olival mais “em conta” — mas sem financiamentoOlhemos agora para as contas apresentadas aos sócios portistas. Segundo a lista de André Villas-Boas, estima-se que a construção do CAR custe entre 30 e 35 milhões de euros, mas, conforme admitiu o candidato a administrador financeiro, José Pereira da Costa, não foi ainda definida uma fonte de financiamento para o complexo.
No caso da direcção do FC Porto, o número avançado para a construção do espaço na Maia ronda os 40 milhões de euros, sendo certo que a academia abrangerá uma área mais alargada e contará com mais infra-estruturas. Em trabalhos de terraplanagem, necessários para o início da construção, o FC Porto já se comprometeu a pagar 6,8 milhões de euros à ABB.
Para quando?Depois de conhecidas as especificidades e custos, é altura de olharmos para prazos. Neste ponto, apenas são conhecidas as previsões para o CAR de André Villas-Boas, visto não ter sido apresentada numa primeira fase as datas-chave para o projecto da academia na Maia. O candidato conta ter o complexo completamente funcional em Dezembro de 2026.
O que dizem do outro?Sendo a academia na Maia um projecto apresentado pelo presidente do FC Porto e com contratos já assinados, André Villas-Boas admite que, se vencer as eleições, irá analisar o projecto do dirigente " de forma rigorosa e criteriosa", prometendo salvaguardar os melhores interesses do clube.
Já Pinto da Costa mostra uma postura mais incisiva. Classificando o plano de Villas-Boas como a compra de "canteiros do lado de lá do rio", o histórico dirigente não comentou ainda publicamente a oferta do ex-treinador de colocar à disposição do FC Porto o contrato-promessa assinado a título próprio.