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Conselho de Juventude preocupado com regresso da discussão sobre Serviço Militar Obrigatório

Conselho de Juventude preocupado com regresso da discussão sobre Serviço Militar Obrigatório

Presidente do Conselho Nacional de Juventude alega que “a falta de militares e o agudizar de um clima bélico” não justificam o regresso da discussão sobre o Serviço Militar Obrigatório.

O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) vê com “profunda preocupação” o regresso do tema do Serviço Militar Obrigatório (SMO) em Portugal e discorda dos argumentos apontados para justificar o recuperar do assunto tais como a “falta de militares e o agudizar de um clima bélico".

“O CNJ vê a entrada deste tema na ordem do dia com profunda preocupação, observando o que parecem ser as motivações: a falta de militares e o agudizar de um clima bélico”, lê-se num comunicado com declarações de Rui Oliveira, presidente deste organismo.

Segundo o Conselho Nacional de Juventude, “o arremesso do argumento de um eventual conflito para justificar o regresso do Serviço Militar Obrigatório é assumir que todos os outros caminhos diplomáticos falharam para a resolução do conflito e assumir agora um esforço no sentido de maior militarização, que é o contrário do que acreditamos que deve ser o caminho traçado na criação da paz, na criação de campos de diálogo e na resolução pacífica dos conflitos, não numa escalada dos mesmos”.

“A existência de uma guerra não só promove divisão entre as nações e povos, como é, pelo menos, o atrasar de toda uma geração, geração essa que, actualmente, já enfrenta crises sem precedentes que condicionam o seu projecto de vida largamente, sendo o escalar de um conflito armado o perpetuar das dificuldades com que os jovens lidam actualmente”, refere o comunicado.

Apelando à resolução “pacífica do conflito”, o Conselho Nacional de Juventude sublinha que o empenho das "lideranças deve ser aplicado na persecução da via diplomática”. E acrescenta: “Tenho a esperança de que esta não será uma prioridade do novo Governo (…). A visão do CNJ foca-se na resolução pacífica dos conflitos e esta é uma carreira que, como todas as outras que são essenciais para o funcionamento do país, deve ser atractiva e não coerciva."

Por estes dias, o debate sobre o eventual regresso do SMO ganhou força em Portugal, depois da tomada de posição do almirante Gouveia e Melo. Não há consenso entre partidos e associações militares, nem nas próprias Forças Armadas, mas as forças políticas parecem inclinar-se para o "não". Já o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), chefiado pelo general Nunes da Fonseca, considera que a reintrodução do Serviço Militar Obrigatório não "soluciona os desafios de gestão de efectivos das Forças Armadas", mas defende que o tema deve ser visto "através de uma abordagem abrangente de criação de uma prestação de serviço nacional e universal de natureza cívica".

Já depois das declarações do general Nunes da Fonseca, o chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, rejeitou os modelo antigo do Serviço Militar Obrigatório, que vigorou até 2004. Defende uma "nova resposta" consensual entre o poder político e a sociedade para mobilizar população em situações limite.

"O modelo antigo [do Serviço Militar Obrigatório] é precisamente isso, o modelo antigo. Tem que se encontrar uma nova resposta. Isso não é algo que se encontre amanhã, tem que ser discutida, tem que ser uma resposta que o poder político aceite, que a população aceite, porque só todos nós em conjunto podemos dar uma resposta que seja uma resposta do próprio país", considerou o almirante em declarações aos jornalistas, na Base Naval de Lisboa, em Almada.

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