LUIS DELGADO - 3 abr. 20:20
Visão | Os mágicos 28%
Visão | Os mágicos 28%
O Governo que não conte com o PS nos "próximos meses". Melhor explicando: não é de anos, ou de ano, é apenas de meses a duração prevista para o novo executivo.
A narrativa de Pedro Nuno Santos, em resposta ao desafio do primeiro-ministro, centrou-se no número mágico dos 28% de eleitores que cada um dos partidos detém. Salvo os 50 mil a mais que estão na Aliança Democrática. Parece semântica – em que Montenegro não alinha – mas essa percentagem passará a estar em todos os discursos políticos do PS. Sendo correto, mesmo faltando as décimas, serve para equilibrar a balança de força entre os dois maiores partidos políticos, por enquanto.
Invocando os 28% dos dois, o líder socialista coloca-se ao lado do PSD e CDS em termos de legitimidade e igualdade de circunstâncias, reforçando que não vai entrar no jogo das ajudas políticas ou alinhar nos desafios (“chantagens”) do primeiro-ministro. Cada um no seu lugar, foi o que disse o líder socialista.
E tanto assim é, sem margem para dúvidas, que não lhe apeteceu aparecer na posse do Governo. Ele sabe que cometeu um erro, uma deselegância, e que não agradou a muitos dos seus eleitores. Mas essa é uma conversa que não quis ter. No Largo do Rato, e de forma explícita, PNS deixou escapar o que tem na cabeça: o Governo que não conte com o PS nos “próximos meses”. Melhor explicando: não é de anos, ou de ano, é apenas de meses a duração prevista para o novo executivo. Ou a desejada, pelo PS.
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