Opinião de José Miguel Sardica - 2 abr. 07:41
A branquitude dos números
A branquitude dos números
A matemática não é uma interpretação política racializável, mas um conhecimento objetivo de verdades universais.
Será a matemática racista? Eis a pergunta - ou a afirmação - da polémica do momento no mundo anglo-saxónico, que talvez venha a chegar a Portugal. Tudo começou com a constatação de que nos EU Por isso é tida (a par, talvez, da música) como a linguagem que os humanos usariam se um dia quisessem comunicar com alienígenas. Ora, ativistas ou estudantes que acham que a resposta a problemas matemáticos depende da raça ou do sexo e que quem os ensina é opressor (pelo próprio ato de ensinar) jamais descobrirão o quanto a matemática é uma chave universal de conhecimento, que justamente congrega e aproxima todos quantos a usam, em vez de os separar e compartimentar.
A ideia de que a matemática é racista demonstra assim, e por duas vias, o quão pernicioso é o chamado currículo woke. Por um lado, ao reivindicar para cada estudante o seu direito a livremente decidir o que está certo ou errado, destrói os próprios fundamentos do ato de conhecer e de discernir a verdade; por outro lado, em vez de “empoderar” e de “emancipar” alunos-“vítimas”, subjuga-os a ideias erradas, encerra-os na sua própria condição, e perpetua, no fundo, a ignorância, ao reduzir a natural dificuldade em aprender coisas novas a uma imposição supostamente opressiva, perpetrada pelo suspeito do costume - o homem branco.