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A revolução vista pelo povo no 25 de Abril da Cinemateca

A revolução vista pelo povo no 25 de Abril da Cinemateca

Imagens inéditas do dia da revolução, oriundas de arquivos amadores ou filmadas por alunos de cinema, serão exibidas em sessões de entrada livre.

Cerca de uma dúzia de filmes inéditos rodados por cineastas amadores durante o 25 de Abril de 1974 vão ser exibidos pela Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, no 50.º aniversário da Revolução dos Cravos. A data histórica, que tem vindo a ser comemorada pela instituição desde o início de 2024 com uma série de ciclos temáticos, será marcada por duas sessões de entrada livre, nos próximos dias 25 e 26. Nelas será exibido material rodado durante o próprio Dia da Liberdade por “carolas”, alunos de cinema, cineastas amadores (alguns integrantes do Núcleo de Cineastas Independentes) e até alguns profissionais.

O material a ser exibido tem diversas origens: o próprio acervo da Cinemateca Portuguesa; uma campanha de recolha lançada em parceria com a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril; e também arquivos pessoais depositados ao longo dos últimos anos no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM).

Em Novembro, quando a campanha foi lançada, o então director da Cinemateca, José Manuel Costa — que entretanto cessou funções, tendo sido substituído interinamente pelo sub-director Rui Machado até à nomeação de nova direcção —, lembrava que “os filmes amadores não eram sujeitos à censura do Estado Novo nem a quaisquer limitações ou formatações prévias, o que faz deles uma fonte inestimável para compreender o século XX português.”

Assim, no dia 25, às 18h30, será exibido um programa de filmes amadores inéditos, rodados maioritariamente em super-8 e 8mm, assinados por Nuno Monteiro Pereira, Vítor Silva, Marcelino Abreu Costa, o brasileiro Cláudio Kahns ou o realizador Fernando Lopes.

A sessão, ainda em finalização, não deverá ultrapassar a hora e meia de duração, segundo Joana Ascensão, do departamento de programação da Cinemateca, que está neste momento a ultimar a escolha; e irá incluir entre 10 e 15 filmes, com durações que vão dos dois aos 20 minutos. Muitos dos filmes não têm som, e irão ser projectados em cópia digital tirada dos suportes originais em super-8 e 8mm. A campanha de recolha lançada pela Cinemateca continua entretanto activa, e Joana Ascensão aponta a intenção da instituição de fazer ao longo do ano mais sessões para exibir o material já recebido e ainda por receber.

No dia seguinte, 26, também às 18h30, serão exibidas cerca de duas horas de “brutos” inéditos — isto é, imagens sem montagem nem pós-produção, até hoje nunca vistas — de duas fontes diferentes. As Imagens do Conservatório de Cinema mostrará material filmado por jovens cineastas oriundos da primeira turma do que viria a ser a Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). Trata-se de materiais identificados e digitalizados pela Cinemateca entre o depósito dos arquivos que a ESTC fez no ANIM. “Na manhã de 25 de Abril [de 1974], vários deles entram nas instalações da Escola de Cinema, agarram nas câmaras de 16 mm e na película que lá havia, e lançam-se para as ruas", explica a Cinemateca.

Ricardo Vieira Lisboa, o programador que está a coordenar esta sessão, explica que é difícil conhecer o verdadeiro “parentesco” das imagens visto que elas não estão atribuídas individualmente, mas foi já possível identificar que a realizadora Monique Rutler e a maquilhadora Paola Porru são autoras de parte do material a ser exibido.

Na mesma sessão, serão mostrados os “brutos” inéditos de um dos documentários-registos mais célebres do período do 25 de Abril, As Armas e o Povo, rodado entre 25 de Abril e 1 de Maio de 1974 por um colectivo de realizadores que incluía os portugueses Luís Galvão Teles, José Fonseca e Costa, Fernando Lopes, Fernando Matos Silva, António-Pedro Vasconcelos ou Alberto Seixas Santos e o brasileiro Glauber Rocha.

Todo o material que será exibido ficou de fora da montagem final de As Armas e o Povo, e será, tal como o restante material, apresentado sem som nem organização de espécie nenhuma. Mas, ao contrário das cópias digitais do restante material, estes brutos serão exibidos em película de 35mm, menos frágil do que os materiais de super-8, 8 e 16mm, para preservar a “força” da cor original de época.

Ambas as sessões, bem como várias outras sessões do programa especial comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, terão entrada livre mediante levantamento na bilheteira 30 minutos antes do início marcado. O calendário completo pode ser consultado no site oficial da Cinemateca Portuguesa.

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