rr.sapo.pt - 28 mar. 12:25
Patriarca pede que “ninguém fique indiferente” à “elevada fragilidade” do país
Patriarca pede que “ninguém fique indiferente” à “elevada fragilidade” do país
Na homília da Missa Crismal, na Sé de Lisboa, D. Rui Valério apelou aos padres da diocese para que sejam próximos e atentos, para serem “portadores de esperança”. Lembrou o “drama da guerra”, dos refugiados, e a “profunda amargura” que constitui o aumento da pobreza em Portugal. E nomeou novos cónegos para o Patriarcado de Lisboa.
Na primeira Missa Crismal de 5ª Feira Santa a que presidiu como Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério começou por agradecer aos sacerdotes pelo são e pelo que fazem. Lembrando que é “na força incondicional da partilha e da solidariedade que reside um dos pilares da esperança”, pediu que sejam próximos e atentos.
“A partilha da situação de cada pessoa, na realidade da sua existência, é sem dúvida, o modo mais pertinente de derramar o bálsamo da esperança para curar as feridas da desilusão, do desespero, do cansaço e do desalento que atingem hoje muitas pessoas. Que o presbitério de Lisboa, atuante na fidelidade ao genuíno sacerdócio de Cristo, seja lugar existencial de esperança”, disse o Patriarca, pedindo de seguida que “ninguém fique indiferente ao atual estado de elevada fragilidade do nosso país”.
“Poder-se-á considerar que é meramente conjuntural, mas, para a vida real, é sinónimo de mais pobreza e maiores dificuldades. Por isso, partilhai a pobreza dos pobres, comungai do sofrimento das vítimas de todas as formas de abusos, partilhai a solidão dos que estão sós – e acendereis neles a luz da esperança numa vida nova”, afirmou.
D. Rui Valério – que continua responsável pela diocese das Forças Armadas, que está ainda sem bispo -, lembrou também as várias guerra que assolam o mundo e a situação dos refugiados. “Neste momento, gostaria de descer ao concreto: ao drama da guerra, em muitas partes do mundo, e que, há mais de dois anos, assola a Ucrânia, barbaramente agredida pela Rússia, a que se juntou a má-nova da Guerra na Terra Santa. Não podemos, tão pouco, ignorar o sofrimento e o desamparo de tantas pessoas que, na sua condição de refugiados e migrantes, são vítimas de exploração e discriminações várias, mesmo entre nós”.
E voltou a referir-se às dificuldades económicas que atingem tantos. “Os recentes índices sociológicos revelam que a pobreza real não cessa de aumentar, estando já a atingir não só as classes mais desfavorecidas, mas também a classe média… é uma profunda amargura, que turva o horizonte do mundo”, sublinhou.
Na Missa Crismal de 5ª Feira Santa foram abençoados os óleos que ao longo do ano são utilizados na bênção aos doentes e catecúmenos, e foi consagrado o óleo do Crisma – o que neste caso só pode ser feito pelo bispo diocesano.
Nesta celebração todos os padres da diocese renovaram os seus votos sacerdotais. À semelhança do que faz sempre o Papa Francisco, também D. Rui Valério pediu aos cristãos da diocese que rezem por si e pelo seu ministério episcopal.
No final da Missa o Patriarca anunciou a nomeação de sete novos cónegos para o Cabido da Sé, e entregou a cada sacerdote um livro sobre a oração. Entre os novos cónegos está o padre Vitor Gonçalves, pároco de São Domingos e Santa Rufina, e assistente religioso da Renascença.
São atualmente mais de 500 os padres que vivem e servem no Patriarcado de Lisboa: 284 são diocesanos, os restantes religiosos, ligados a várias congregações. Uma larga maioria participou nesta celebração na Sé Catedral.
A Missa Crismal antecede o Tríduo Pascal, que se inicia com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, na tarde desta quinta-feira, evocando a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, com o momento do lava-pés, que simboliza o amor e o serviço aos outros.
A Missa da Ceia do Senhor, marcada para as 19h00, será também transmitida pela Renascença, como aconteceu com a Missa Crismal.