www.publico.ptpublico.pt - 13 fev. 13:30

Com Rafah sob ameaça de invasão terrestre, Biden quer cessar-fogo de seis semanas

Com Rafah sob ameaça de invasão terrestre, Biden quer cessar-fogo de seis semanas

Presidente dos Estados Unidos diz que “elementos-chave do acordo estão sobre a mesa”. Negociações prosseguem esta terça-feira no Cairo.

Com a ameaça de uma ofensiva terrestre de Israel a pairar sobre Rafah, a cidade onde permanecem encurralados mais de um milhão de palestinianos, cresce a pressão internacional para se chegar a um acordo que permita um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os “elementos-chave do acordo estão sobre a mesa” e espera-se que as negociações com vista a uma pausa prolongada no conflito e à libertação de reféns detidos pelo Hamas em Gaza prossigam esta terça-feira no Cairo, capital do Egipto.

Após um encontro com o rei Abdullah II da Jordânia na Casa Branca, Biden afirmou na segunda-feira à noite que os EUA farão “tudo o que for possível” para que o cessar-fogo se concretize, mas admitiu que “se mantêm obstáculos” nas negociações. O Presidente norte-americano adiantou que Washington está a trabalhar num acordo capaz de trazer “um período de calma imediato e sustentado em Gaza durante pelo menos seis semanas”.

Biden tem-se mostrado cada vez mais exasperado com Benjamin Netanyahu, por este insistir no que considera uma resposta militar “exagerada” de Israel em Gaza, e pediu ao primeiro-ministro israelita para não empreender uma ofensiva terrestre em Rafah sem um plano para proteger os cerca de 1,4 milhões de palestinianos que ali se encontram encurralados.

Em Berlim, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, que visitará Israel esta quarta-feira, manifestou também a sua preocupação com a possibilidade de ofensiva israelita em Rafah. A ministra afirmou que Israel “tem o direito de se defender contra o terrorismo”, mas que isso não significa expulsar a população.

Na semana passada, Netanyahu ordenou às Forças Armadas que elaborassem um plano de evacuação para Rafah de modo a permitir a destruição de quatro batalhões do Hamas que, segundo o primeiro-ministro israelita, estão posicionados na sobrelotada cidade no Sul de Gaza.

Juliette Touma, porta-voz da agência de refugiados palestinianos das Nações Unidas, a UNRWA, disse esta terça-feira que a organização não tinha sido informada de qualquer plano de evacuação por parte de Israel.

“Para onde é que vão levar as pessoas, uma vez que nenhum lugar é seguro na Faixa de Gaza? O Norte está destruído, cheio de bombas por explodir, é praticamente inabitável. Já chega, qualquer nova escalada seria absolutamente apocalíptica”, acrescentou Touma.

Também a agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, (OCHA, na sigla em inglês), disse não ter recebido qualquer comunicação de Israel sobre um plano de evacuação da zona de Rafah e avisou que não participará em nenhuma retirada forçada da população.

“Não recebemos qualquer comunicação oficial das autoridades israelitas”, disse Jens Laerke, porta-voz da OCHA, em resposta às perguntas da Reuters sobre os planos para Rafah. “De qualquer forma, a ONU não participa em evacuações forçadas e não voluntárias”, reforçou.

Na cidade sobrelotada que faz fronteira com o Egipto, o medo está instalado. “Desde que Israel afirmou que vai invadir Rafah, dizemos as nossas últimas orações todas as noites. Todas as noites nos despedimos uns dos outros e dos nossos familiares fora de Rafah”, disse Aya, de 30 anos, que vive numa tenda com a mãe, a avó e cinco irmãos, citada pela Reuters.

“A menos que o mundo mostre alguma misericórdia e impeça Israel de invadir Rafah, pensamos que não vamos sobreviver. Os sons dos bombardeamentos e das explosões estão cada vez mais próximos”, acrescentou.

Apesar da crescente preocupação internacional com a situação dos civis, os tanques israelitas bombardearam durante esta madrugada o sector oriental de Rafah, segundo a Reuters. As Forças Armadas de Israel reclamaram a morte de dezenas de combatentes do Hamas em confrontos no Sul e no centro da Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, incluindo 30 em Khan Younis, a norte de Rafah.

As autoridades sanitárias de Gaza afirmaram que um ataque israelita a uma casa no campo de refugiados de Nusseirat, no centro de Gaza, matou 16 palestinianos durante a noite.

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