www.publico.ptpublico.pt - 13 fev. 05:20

Cartas ao director

Cartas ao director

Os debates depois dos debates

Os debates políticos que passam nas tv, no âmbito da campanha eleitoral, não têm grande interesse relativamente à orientação de voto dos eleitores, excepto, eventualmente, quanto a algum dos 20% dos indecisos. Mas são úteis para os cidadãos conhecerem, minimamente, os candidatos a primeiro-ministro e para poderem familiarizar-se com os principais problemas que os partidos pretendem resolver.

Mas, seja qual for o interesse dos debates, as tv mataram o menino ao atirarem-no fora com a água do banho, quando decidiram fazer longos debates sobre os debates, transformando estes num concurso de “misses”. A partir daí, os telespectadores passaram a interessar-se mais pela classificação dos candidatos seus fãs do que por aquilo que os mesmos defendem.

Elder Fernandes, Lisboa

Os debates

Nestes debates sobre programas eleitorais há quinze minutos a debater e, depois, horas e horas a fio, nos diferentes canais da televisão, comentadores, consultores da informação vão analisar o que os líderes partidários disseram. Não lhes interessa a racionalidade dos argumentos, saber se tiraram conclusões de premissas ou se apenas “mandam bocas”! O que lhes interessa é o espectáculo, os sinais do rosto, a palavra mais atrevida, a intensidade da voz, as tiradas imprevistas, a forma como olham pelo retrovisor (como se as mesmas águas pudessem correr por baixo da mesma ponte mais do que uma vez), tudo o que se liga à percepção e não à razão. São os comentadores da pós-modernidade no seu esplendor.

A racionalidade da argumentação não interessa para nada, o eleitor amanhã pode votar em quem soube ser melhor actor no entretenimento. A democracia, para esta gente, não se faz por razões, mas pelos “gostos” que se ligam à percepção, não se faz pelas propostas que poderão mudar a nossa vida colectiva, mas pela “artimanha”. Não haverá ninguém que diga a estes comentadores da pós-verdade que é a percepção, os jogos de ilusão que alimentam a demagogia e o populismo? Em vez de analisar o que interessa para fazer um juízo que nos leve a votar no melhor para governar o país, o que estes comentadores fazem é valorizar a arte de iludir, de simular, de fazer espectáculo na política.

João Baptista Magalhães, Marco de Canaveses

Pouco esclarecedores

Estes debates estão a revelar-se muito pouco esclarecedores daquilo que são os programas do governo. A verdade é que não assisti ainda a debates fortes que abordem Forças Armadas, Justiça, Economia, Cultura, Regionalização, Internacional, Europa, Sustentabilidade Ambiental. E o que vai ser o futuro? Em quatro anos de governação, a IA vai entrar por aí com toda a força. Estaremos nós preparados para ela?

Os temas fortes, e são mesmo, são os da espuma. A Educação, a Saúde, Habitação os Impostos. Mas francamente... Debater do princípio ao fim apenas a defesa dos animais de companhia, assunto que eu também acho importante, mas não pode começar e acabar aí.

José Rebelo, Caparica

Reflexões em tempo de eleições

Os jovens ou se desviam para o IL ou para os demagogos do Chega. Será um bom sinal para o nosso futuro? A IL tem boas ideias e homens bem preparados, mas estará a sociedade portuguesa preparada para replicar modelos liberais bem-sucedidos em sociedades com outro nível de desenvolvimento? Uma sociedade comandada livremente pelo dinheiro e pelos mercados facilmente vira selva e pouco solidária com os que não atingem o sucesso. Em contrapartida, uma sociedade dependente de subsídios e impostos altos como quer alguma esquerda não promove o trabalho e o mérito.
Comparemos o actual quadro político com o tempo do socialismo democrático de Mário Soares a quem o país deve a entrada na CE e muitas outras conquistas da democracia, do PSD de Sá Carneiro ou do CDS de inspiração cristã e humanista de Freitas do Amaral, ou de um PPM de Ribeiro Teles (pioneiro na defesa do clima e do equilíbrio nas cidades), partidos de direita que ajudavam a equilibrar e consolidar a democracia. Infelizmente deixámos de ter estadistas. Ms também quem quer ir para a política para ver a sua vida vasculhada e enxovalhada de cima a baixo, desde que nasceu até à quinta geração, e mal pagos em relação a qualquer quadro de uma empresa importante? A política deveria ser para altruístas e para as elites (os melhores) em servir o país, algo raro nos dias que correm.

Ricardo Rodrigues, Paço d’Arcos

NewsItem [
pubDate=2024-02-13 06:20:00.0
, url=https://www.publico.pt/2024/02/13/opiniao/opiniao/cartas-director-2080133
, host=www.publico.pt
, wordCount=702
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_02_13_2113520441_cartas-ao-director
, topics=[opinião]
, sections=[opiniao]
, score=0.000000]