expresso.ptFilipa Saldanha - 13 fev. 08:02

Estarão as PME preparadas para a corrida climática?

Estarão as PME preparadas para a corrida climática?

Considerando que no contexto europeu, as PME são responsáveis por mais de 62% das emissões de gases com efeito de estufa de todas as empresas, é impensável assumir quaisquer compromissos net zero sem apoiar a jornada de sustentabilidade dos negócios mais pequenos

O processo de transição climática deve ser consciente dos impactos das alterações climáticas na sociedade, essencial para evitar ou reduzir riscos, assim como capaz de capturar as oportunidades de crescimento decorrentes de uma economia mais verde.

Na construção deste caminho, o debate público e político tem incidido maioritariamente sobre os grandes países emissores e as grandes empresas. Não obstante a sua distinta relevância para a descarbonização, a criticidade das PME no cumprimento das exigentes metas de energia e clima do país e na resiliência da nossa economia ficou em segundo plano.

. Por outro lado, enquanto motor de criação de riqueza e emprego do país, as PME contribuem para o desenvolvimento socioeconómico de cidades e comunidades locais e, em inúmeros casos, para a disrupção de soluções inovadoras, tais como as tecnologias de eficiência energética e hídrica, as biotecnologias ou os processos de circularidade industrial, aceleradores da produtividade, resiliência e sustentabilidade de inúmeras cadeias de valor.

Sendo indiscutível a urgência de priorizar o apoio às PME na jornada do desenvolvimento sustentável, persiste o desafio de garantir uma resposta imediata e orientada à crescente pressão do contexto envolvente. Se na frente regulatória, há uma ligeira margem para acomodar as exigências (p.e. de reporting de sustentabilidade), as forças de mercado marcam passo a um ritmo capaz de esmagar as que não se apresentem preparadas. Para além da necessidade de se adaptarem às preferências dos consumidores, as PME têm de responder à chamada dos seus clientes de maior dimensão, sujeitos a critérios rigorosos de sustentabilidade em toda a cadeia de fornecedores, e de financiadores e/ou acionistas, que integram critérios ambientais, sociais e de governance no topo do processo de decisão de crédito e/ou investimento.

Estando todo o setor empresarial sujeito a tamanho escrutínio, são as mais pequenas que acarretam os mais elevados custos de transição. Com menos capacidade financeira e de recursos humanos para acompanhar a transformação ao ritmo necessário, uma menor resiliência a choques macroeconómicos e uma elevada vulnerabilidade aos impactos climáticos extremos, tão frequentes e intensos em Portugal, o caminho certo das PME vai exigir cooperação, financiamento e capacitação.

É com este propósito que a banca portuguesa se deve comprometer com a descarbonização da sua carteira de crédito, empenhando-se em desenvolver soluções de financiamento sustentável e a participar, de forma próxima, na jornada da transição dos seus clientes, facilitando o acesso a mais e melhor informação e a capacitação orientada às necessidades de cada setor.

Nesta frente, não deixaremos de salientar que a formação é particularmente determinante para as lideranças que, sensibilizadas e capacitadas para a transição climática, estarão mais perto de garantir a competitividade das PME portuguesas.


* Este artigo foi desenvolvido no âmbito da iniciativa Nova SBE VOICE Leadership

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