visao.ptapfigueiredo - 12 fev. 15:51

Visão | Porque nos dói Palestina

Visão | Porque nos dói Palestina

Não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos. Gonçalo Francisco, da Juventude Comunista, na rubrica Lugar aos Novos

Dói-nos a Palestina, porque prossegue o desumano ataque israelita contra o povo palestiniano, com a cumplicidade e intervenção direta dos EUA, da NATO e da União Europeia e com trágicas consequências para centenas de milhar de seres humanos, muitos dos quais jovens e crianças.

Após mais de 120 dias desta nova fase de brutal agressão isrealita à Faixa de Gaza, já se contabilizam mais de 27 mil mortos e de 66 mil feridos, para além de milhares de desaparecidos, na sua maioria crianças e mulheres.

Vitimas dos bombardeamentos indiscriminados, são mais de um milhão e meio de deslocados que nem em hospitais, nem em escolas ou edifícios da ONU conseguem abrigo do massacre desencadeado.

Uma crescente repressão e violência israelita que se manifesta também na Cisjordânica com as Nações Unidas a reportar, desde outubro de 2023, 447 ataques de colonos israelitas contra a populações palestinianas, ataques que contam com o apoio das forças de segurança israelitas.

E os aliados de Israel continuam numa vergonhosa cumplicidade que agora se materializa na suspensão de fundos à agência ONU que apoia os refugiados palestinianos e que afetará a assistência vital a dois milhões de palestinianos, mais de metade dos quais são menores de idade.

É a este horror que urge colocar fim e que leva tantos milhares, aqui no nosso país, e por todo o mundo, a sair à rua e a erguer bem alto os valores da paz e da solidariedade.

Não desvalorizando aquilo que é o poderio e a influência dos EUA, no plano económico, social, mediático e militar, não é falso afirmar que há cada vez mais quem resista e faça frente à política de guerra norte-americana e dos seus aliados.

É exemplo disso o processo que decorre no Tribunal Internacional de Justiça movido pelo Governo da África do Sul, dirigido pelo Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), contra Israel, acusando este país de violar a Convenção sobre o Genocídio na atual agressão à Faixa de Gaza.

Um caso cujas provas apresentadas mostram a crueldade da ação de Israel: a destruição de infra-estruturas básicas como escolas, hospitais e reservas de água; o elevado número de mortos, especialmente crianças, o ataque a refugiados e a privação dos bens mais básicos como água, alimentos e energia.

Um processo que também é acompanhado com um conjunto de declarações por parte de altas figuras de Israel que colocam a nu as intenções por detrás deste massacre.

“Não poupes ninguém, mata igualmente homens e mulheres, crianças e crianças de peito (…).” – invocou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“O Norte da Faixa de Gaza está mais bonito do que nunca. Tudo foi feito explodir e tudo foi destruído e arrasado, é simplesmente um prazer para os olhos.” – afirmou o ministro israelita do Património.

Já o vice-presidente do Parlamento israelita declara o objetivo comum: “apagar a Faixa de Gaza da face da Terra.”

São muitos os perigos que esta política de guerra dos EUA e dos seus aliados colocam à humanidade, de que é exemplo o alastramento da guerra ao Iémen, um dos países mais pobres do Mundo, unicamente culpado pela imensa solidariedade que o seu povo mostra com a causa palestiniana, bem visível nas gigantescas manifestações que enchem as ruas de Sanaa e tantas outras cidades iemenitas.

Numa altura em que no nosso país se realizam as eleições para a Assembleia da República, para a eleição de 230 deputados, reforça-se a importância de eleger deputados comprometidos com os valores e o projeto de Abril, com a Constituição da República Portuguesa nascida da revolução de Abril e que aponta os caminhos da paz e da solidariedade entre os povos do mundo, porque Abril é mais Paz.

Deputados que rejeitem quem lucra com a guerra e com o desvio de recursos para a política de guerra dos EUA, da NATO e da UE. Recursos que tanta falta fazem à juventude e às conquistas de Abril: a Escola Pública, a cultura, o SNS, o desporto, a habitação.

Deputados comprometidos com o reconhecimento do Estado da Palestina por parte do Estado Português. Não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos.

Deputados que se batam por uma solução que acabe uma vez por todas com o sofrimento deste povo e dos seus jovens que há décadas são perseguidos, humilhados, presos e assassinados, impedidos de exercer os direitos humanos mais elementares, como ir à escola, brincar livremente na rua, criar família em paz e serem felizes.

É mesmo de se dizer que é preciso semear em março para colher Abril.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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