Observador - 12 fev. 00:12
A insustentável pobreza do ser
A insustentável pobreza do ser
O recente caso da “Descida da Cruz” de Domingos Sequeira é o exemplo perfeito da absoluta indigência com que a cultura é encarada. Também a rota internacional das grandes exposições passa ao largo.
Em pleno período de campanha eleitoral em Portugal torna-se por demais evidente a inexistência da cultura e das problemáticas a ela associada no debate público. À excepção do recente programa Contra-Corrente da rádio Por cá já só aportam exposições imersivas. Bonitas, mas banais… Desprovidas certamente daquilo que Walter Benjamin designava por «Aura», ou seja, a unicidade, a autenticidade e a experiência que só a contemplação de uma obra de arte original produz. Não temos outra opção senão seguir os conselhos do mestre Almada: « Não esperes, porém, que os quadros venham ter contigo, não! Eles têm um prego atrás a prendê-los. Tu é que irás ter com eles. Isto leva 30 dias, 2 meses, 1 ano, mas, se tem prazo, vale a pena seres persistente porque depois saberás também onde está a felicidade».