visao.ptClara Cardoso - 11 fev. 10:16

Visão | O vulcão dos Açores

Visão | O vulcão dos Açores

Porquê tantas ganas de governar, se depois não temos, não conseguem um Portugal inteiro? Portugal inteiro só se consegue respeitando a vontade do povo, que é soberano. Portugal inteiro não se consegue na secretaria, com promessas e sorrisos

No último fim-de-semana os Açores foram a votos e o povo deu à coligação PSD/CDS/PPM 42,08% dos votos. Uma maioria relativa tal como Cavaco Silva alcançou em 1985, e que o levou ao governo até 1987.

Semelhante à maioria que António Guterres teve nos mandatos de 1995 a 2002.

Na minha memória está o desenvolvimento que Portugal conheceu com o primeiro líder a governar com maioria relativa, e o pântano, a crise profunda, a que o segundo nos conduziu.

Mas, a bem da verdade, governaram. A nossa Constituição permite que um governo sem maioria absoluta possa governar. Também permite que as eleições possam ser ganhas na secretaria e o País seja (des)governado por “Geringonça”, um partido político em que ninguém vota.

Com a história do País arrumada na gaveta do passado, o recente resultado das eleições dos Açores fizeram espoletar o vulcão da arrogância. O partido que mais governou o País em maioria relativa não aceita que as “Ilhas de Bruma” sejam governadas de acordo com a vontade dos 48 668 eleitores e informa que vai votar contra o Programa de Governo da Coligação. Por seu turno, o tão “temido” Chega comunica que não fará cair o governo recém-eleito.

Criado o impasse sobre o futuro da política nos Açores; com os líderes da Madeira a contas com a justiça; e o País a contas com greves, manifestações, famílias portuguesas a dormir nas ruas; SNS em estado caótico, número de óbitos a bater recordes face à última década; ministros a prometer o que sabem não poder cumprir, mas a conseguir calar quem trabalha a terra de sol a sol, temos de questionar porquê tanta soberba? . Consegue-se com trabalho, união, dizendo a verdade, tomando decisões cautelosas e que respeitam a estabilidade governativa e democrática.

Estar agarrado ao poder é quase comparável ao vício das raspadinhas. É um vício que atinge cerca de 100 mil adultos em Portugal, dos quais cerca de 30 mil apresentam perturbação de jogo patológico (os dados são de um estudo do CES /Universidade do Minho). Será que podemos rebatizar esta perturbação e aplicá-la aos políticos?

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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