expresso.ptexpresso.pt - 21 nov. 18:52

Sementeiras biodegradáveis valem €25 mil

Sementeiras biodegradáveis valem €25 mil

Projeto para substituir tabuleiros e sacos de plástico descartáveis na agricultura, desenvolvido na Madeira, conquista prémio Novo Verde Packaging Enterprise. Inovação no sector das embalagens e resíduos de embalagens é premiada anualmente, com o Expresso como media partner

Thiago Gomes levou as mãos à cabeça, entusiasmado e admirado por ter acabado de ouvir o nome da Bio Reboot como vencedora do Novo Verde Packaging Enterprise Award. Em modo remoto, na ilha da Madeira, o CEO da startup agradeceu o “voto de confiança” dado pelo júri, que reunira pouco antes numa sala de O Clube-Monsanto Secret Spot, em Lisboa, elegendo o projeto assente na transformação de resíduos agrícolas. Com a confiança segue também um cheque de €25 mil.

“Não é só o valor monetário, é também o valor emocional… Fortíssimo”, reagiu, ainda pelo meio de telefonemas de celebração pelo impulso a um projeto iniciado há três anos e que visa utilizar sementeiras biodegradáveis em substituição dos tabuleiros e sacos de plástico descartáveis na agricultura e que concorria com outros três candidatos, que também apresentaram as suas ideias ao júri de mais uma edição dos Packaging Enterprise Awards, que tem o Expresso como media partner e a Ernst & Young como parceiro.

“Sonhávamos com este momento. Estamos numa região [Madeira] com imensas barreiras de acesso. O dinheiro vai ajudar-nos com as questões de patentes, na contratação de recursos e realização de mais testes. O reconhecimento ajudará nos contactos e parcerias”, sublinhou Thiago, que prevê um investimento total de €3 milhões e quer entrar no mercado em 2025.

A Repete apresentou um sistema digital de embalagens reutilizáveis para take-away e recebeu uma menção honrosa do júri, composto por Ricardo Neto, presidente do conselho de administração da Novo Verde, Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Fernanda Ferreira Dias, diretora-geral da Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE), Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), e Paulo Praça, presidente da Associação para a Gestão de Resíduos (ESGRA).

O evento reuniu ainda representantes e especialistas em sustentabilidade, para conversas e apresentações sob o mote “Uma Nova Visão de Responsabilidade”, com as ambiciosas metas da Comissão Europeia como base: até 2030, todas as embalagens terão de ser reutilizáveis ou recicláveis, além de serem certificadas de acordo com o respetivo destino.

Estiveram presentes Mafalda Mota, chefe de divisão de fluxos específicos e mercado de resíduos do departamento de Resíduos da APA, Carla Pinto, diretora de serviços/sustentabilidade empresarial da DGAE, Carla Velez, secretária-geral da ESGRA, Cristina Câmara, diretora de sustentabilidade da APED, Beatriz Guimarães, sustainability lead da Nestlé, Fernando Ventura, head of efficiency and innovation environmental projects da Jerónimo Martins, Paulo Correia, chief technology officer-R&D and Logoplaste Innovation Lab consulting, Nuno Soares, presidente do conselho de administração da Tratolixo, Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), Davide Ricci, recycling analyst da Plastics Recyclers Europe, e José Eduardo Martins, partner da Abreu Advogados, que deixou o alerta: “Não há escala ou racionalidade para fazer reciclagem a sério em Portugal. É preciso estimular a concorrência, a eficiência, a confiança do consumidor…”

Conheça as principais conclusões do evento:

Legislação e economia

  • As regras de cada estado-membro têm de estar harmonizadas e em linha com as diretivas da União Europeia. “Estamos num mercado global. Se as regras nacionais se afastarem das europeias, é difícil cumprir metas. Mas é importante dar alguma liberdade às empresas”, disse Cristina Câmara (APED).
  • Não existe economia sem ambiente ou ambiente sem economia, mas o equilíbrio é possível.
  • Cooperação entre entidades gestoras de resíduos, transparência, clarificação de regras, simplificação de processos, meios adequados e educação do consumidor são essenciais no processo de reciclagem e reutilização.
  • A legislação vai colocar todos os atores do mercado ao mesmo nível.

Embalagens ecológicas

  • O consumidor continua a privilegiar o preço na altura de comprar um produto.
  • As empresas vão continuar a adequar as embalagens ao objetivo da sustentabilidade: “Não estamos a reduzir o investimento”, garantiu Beatriz Guimarães.
  • Não existe uma solução certa para todos os produtos: simplificar embalagens e retirar o máximo de materiais não recicláveis é o objetivo.
  • É preciso continuar a garantir a segurança alimentar e a durabilidade dos produtos.
  • Embalagens mais pequenas facilitam o transporte: “Tentamos transportar o maior número de embalagens no mesmo veículo”, especificou Fernando Ventura, da Jerónimo Martins.
  • Simplicidade, escolha de materiais recicláveis, certificação e escolha de rótulos e tampas adequadas são fundamentais.
  • Empresas já apostam no design que torne as embalagens mais sustentáveis (ecodesign).
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