expresso.ptDuarte Marques - 19 set. 09:52

Raiva à herança na educação distraiu Governo dos verdadeiros problemas

Raiva à herança na educação distraiu Governo dos verdadeiros problemas

O estado da Educação em Portugal espelha bem as consequências da Geringonça e da forma de governar do Primeiro-Ministro António Costa e tal só encontra comparação na situação da Saúde. Tanto num como noutro caso, mais dinheiro e mais investimento resultaram em menores resultados e pior serviço prestado aos portugueses. A explicação para quem faz pior com mais dinheiro só pode estar na incompetência

Culpar unicamente o Ministro da Educação João Costa pela tragédia que é mais este regresso às aulas será exagerado. O seu antecessor Tiago Brandão Rodrigues foi o refém perfeito da Geringonça e de Mário Nogueira para destruir tudo o que de bom tinham herdado, até as coisas boas, que também existiam, do período de Maria de Lourdes Rodrigues, já para não falar dos bons resultados da era de Nuno Crato como o PISA e a realidade comprovaram claramente.

A raiva a esse período passado distraiu o PS e a Geringonça de combater o inverno que se previa na educação tanto por via das alterações demográficas como pela previsível reforma de milhares de professores, sem esquecer a redução do interesse dos jovens por uma carreira que tem sido tão maltratada.

Os primeiros anos da extrema-esquerda na educação deram cabo do que de bom existia da herança de exigência de sucessivos governos. A culpa não é apenas do BE, do PCP e da FENPROF, mas também da ala parlamentar do eduquês do Partido Socialista.

Já o ex Ministro Tiago é uma espécie de inimputável na Educação porque todos rapidamente percebemos que não percebia o que andava a fazer e que se limitava a declamar a “narrativa”, a ofender os Deputados, a mentir no Parlamento e a dar cabo da educação. Demasiadas vezes terá servido de pára-raios ou objeto de distração dos verdadeiros problemas que ocorriam noutras áreas. Foi o que se chama um dito “útil”.

Chegados aqui, ninguém pode ficar surpreendido com a verdadeira tragédia que é a situação atual. E neste contexto, o que é mais difícil de justificar é a falta de previsibilidade desta realidade da falta de professores. Face às ferramentas e informações existentes nos dias de hoje, custa a compreender como é que o Governo não conseguiu evoluir praticamente nada para evitar esta realidade. Provavelmente porque, mais uma vez, passaram demasiados anos focados em desmontar o que de bom existia, o que de bom herdaram e não se focaram onde o país precisava que o fizessem.

Importa também não esquecer as consequências das opções feitas durante a pandemia e da ausência de um esforço complementar para assumir e compensar as perdas nas aprendizagens que resultaram desse período. Facilitar nos exames ou isentar alunos das provas sempre feitas não parece ter sido uma opção de política educativa mas sim uma forma de disfarçar resultados.

O desafio que o Ministério da Educação tem pela frente é gigante. Urge resolver esta guerra permanente com os professores, encontrar um meio caminho possível para repor, seja com dinheiro ou com outras vantagens, o tempo perdido nas suas carreiras que em tempo de bonomia económica e financeira pública já deveria ter sido compensado. Por outro, é urgente dar verdadeiras condições de autonomia e gestão às escolas e reduzir drasticamente a burocracia escolar que retira o foco tanto a professores como a dirigentes. Por último, e não menos importante, é necessário dignificar a carreira docente e isso só é possível com melhores professores, com melhores condições, com mais exigência e se necessário introduzindo um justo método de avaliação que só preocupe quem não está preparado para o tamanho desafio e responsabilidade que é educar.

A educação precisa de menos politiquice e de menos preconceitos ideológicos. O Ministério da Educação precisa de mais realismo e de melhor gestão. O foco da educação devem ser os alunos e não os professores.

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