eco.sapo.ptPaula Cordeiro - 19 set. 11:03

A importância da comunicação e da Inteligência Humana

A importância da comunicação e da Inteligência Humana

Numa altura em que tanto se debate a IA, sabe sempre bem lembrar e sublinhar a importância da Inteligência Humana, a começar pelo papel fundamental dos jornalistas e dos media.

Tantas vezes temos lido e ouvido que a Inteligência Artificial (IA) vai fazer desaparecer uma série de profissões que fazem parte do nosso quotidiano. E ficamos assustados. Mas também lemos e ouvimos que a IA está a facilitar a nossa vida em muitas coisas repetitivas que temos que fazer. Quebrando as rotinas para sermos, quiçá, mais rápidos. Talvez tudo isto seja verdade, porque já há muitos anos que usamos a IA e nem nos apercebemos. É, por isso mesmo, que hoje trago para cima da mesa um tema que me parece casar lindamente com os nossos dias de azáfama na comunicação. Como tirar o melhor partido da Inteligência Humana?

Numa altura em que tanto se debate a IA, sabe sempre bem lembrar e sublinhar a importância da Inteligência Humana (IH), a começar pelo papel fundamental dos jornalistas e dos meios de comunicação social no combate à disseminação e na verificação das fake news, conseguindo assim separar o trigo do joio.

Como disse o filósofo argentino Miguel Benasayag, reduzir a complexidade de um ser vivo a um mero código de computador é um erro, assim como é absurda a ideia de que máquinas podem substituir a inteligência humana. A IA pode e deve ser um instrumento ao serviço da IH.

A verificação de factos é fundamental e os meios de comunicação tradicional, os jornalistas e as organizações nacionais e internacionais de verificação de factos desempenham um papel crucial na identificação e na correção de potenciais notícias falsas.

É essencial, por isso, que disponham dos recursos necessários para investigar a veracidade das informações e apresentar relatórios precisos e confiáveis. Porém, é também fundamental sublinhar que as responsabilidades não recaem apenas nos meios de comunicação social tradicional, seja no papel ou online.

O público também pode (deve!) desempenhar um papel de destaque neste processo, verificando as informações antes de as partilhar nas redes sociais e procurando dirigir as leituras para notícias com fontes confiáveis e certificadas, recusando partilhar publicações de fontes anónimas. Mas sabemos como os níveis de literacia económica e política nem sempre são os melhores, o que também é um sinal dos tempos.

Para além disso, é preciso, cada vez mais, chamar à pedra as empresas de tecnologia e as redes sociais, que têm a obrigação de tomar medidas para evitar e conter a propagação de notícias falsas. Isto sem pôr em causa a liberdade de informação e de expressão, o que é sempre uma linha ténue que não deve ser ultrapassada.

Devemos começar também por exigir mais de nós próprios, profissionais da “outra” comunicação: os diretores e consultores de comunicação de empresas ou de agências de comunicação, também os assessores de imprensa, têm um papel relevante a desempenhar neste processo, procurando sempre transmitir a informação o mais completa possível para que a mensagem final seja acessível para todos.

É isso que os jornalistas esperam de nós. Vale a pena, a este propósito, ler o recente “Relatório do Estado Global dos Media – A Parceria Vital dos Jornalistas & Comunicadores – Para Navegar o Futuro”, da responsabilidade da Cision, um trabalho que é também um inquérito a 3.132 jornalistas, em que se abordam as suas principais preocupações e o que esperam dos “comunicadores” com que se relacionam.

A principal preocupação dos jornalistas é, em primeiro lugar, como seria de esperar, poder assegurar que o conteúdo da informação que publicam é rigoroso. Quando lhes é perguntado quais são as fontes em que acreditam mais quando se trata de validar informação, indicam em primeiro lugar as maiores agências, como a AP ou a Bloomberg, mas também os especialistas da indústria, os comunicados de imprensa e os porta-vozes internos das instituições.

Depois, quando questionados especificamente sobre a forma como os profissionais de comunicação podem tornar mais fácil o seu trabalho, 66% dos jornalistas respondem que esperam que lhes possam “disponibilizar dados e fontes especializadas.”

Consideram ainda que, quanto mais os profissionais de Comunicação e Relações Públicas entenderem porque é que os jornalistas querem utilizar elementos e dados concretos nas suas histórias – e quanto mais disponibilizarem os dados que estes pretendem – mais se tornam parceiros indispensáveis no processo informativo.

Em suma, a melhor forma de cooperar com os jornalistas é calçar os seus sapatos, perceber e entregar a informação rigorosa que procuram. Precisamos todos de confiar mais na Inteligência Humana e menos na artificial.

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