www.rtp.ptrtp.pt - 19 set. 22:32

Presidente polaco afirma que Putin tentou restaurar império russo mas falhou

Presidente polaco afirma que Putin tentou restaurar império russo mas falhou

O Presidente polaco acusou hoje a Rússia de falhar na Ucrânia uma tentativa de restaurar o imperialismo russo, afirmando que a paz nunca esteve tão ameaçada e "o mal deve ser chamado mal e um crime deve ser chamado crime".

Num contundente discurso no primeiro dia da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Andrzej Duda invocou a II Guerra Mundial e a ocupação do seu país pela Alemanha Nazi para se referir à "brutal invasão" da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022: "É precisamente por isso que entendemos a tragédia da Ucrânia melhor do que qualquer outro país do mundo, e a tragédia de outros países que vivem a loucura da guerra".

Em resultado da agressão militar russa, Duda disse que o mundo mergulhou em "tempos perigosos" e que a paz não é um bem adquirido, mas "nunca esteve tão ameaçada como hoje".

"A escravização, o imperialismo e o neocolonialismo são uma negação da liberdade, tanto como os sonhos insanos de dominar os outros ao desencadear a guerra na Ucrânia", afirmou o chefe de Estado polaco

Duda acusou o Presidente russo, Vladimir Putin, de ambicionar, mas falhar, na tentativa de "restaurar o império russo, dividir o mundo e tornar a Europa sistematicamente dependente das suas matérias-primas".

Defendendo que o mundo precisa de líderes corajosos e visionários, apontou o exemplo do seu antecessor Lech Kaczynski, que viu na intervenção de Moscovo na Geórgia em 2008 um sinal de que "pela primeira vez em muito tempo os russos mostravam a sua face" e que Putin acreditava no regresso aos tempos de um império e que os seus vizinhos devem ser subjugados à sua vontade.

"Dizemos não (...) Esses dias acabaram de uma vez por todas", declarou o líder polaco, apelando para o combate à lógica da conquista mudando fronteiras pela força, do desrespeito pela lei e da negação ao povo ucraniano de existir.

Andrzej Duda disse que posição da Polónia é clara no sentido de que a guerra tem de acabar, o que só pode acontecer pela via do restabelecimento da integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. "É um elemento fundamental da ordem mundial. Hoje a vítima é a Ucrânia, amanhã poderá ser qualquer um de nós, se não seguirmos essas regras firmes".

A alternativa, sustentou, é que os crimes de guerra e contra a humanidade sejam esquecidos, causando nos seus perpetradores uma sensação de impunidade.

É por isso que Varsóvia apoia as iniciativas para "responsabilizar a Rússia por violações grosseiras das normas fundamentais do direito internacional", em concreto do Tribunal Penal Internacional e do Tribunal Internacional de Justiça, além da Comissão Internacional independente no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sendo ainda favor da criação de um tribunal especial `ad hoc` pelos crimes imputados à Rússia.

"A mentira é usada para encobrir e justificar crimes russos contra a população civil, a Rússia tenta continuamente manipular a opinião pública internacional construindo uma falsa visão da realidade. Na Polónia, isto não nos surpreende, mas o mundo está a descobri-lo", comentou.

Duda instou os seus pares a tirar conclusões da situação e enfrentar a manipulação e a desinformação, lutar contra a hipocrisia da história e inversão dos papéis de agressor e vítima: "O mal deve ser chamado mal, um crime deve ser chamado crime".

O Presidente da Polónia contrariou também a ideia de que os estados que fornecem armas à Ucrânia estão a prolongar a guerra, comparando a invasão russa a um assalto à casa de um vizinho e advogando que a Ucrânia não seria capaz de resistir à agressão de Moscovo e defender a sua independência sem apoio de outros países, nomeadamente dos Estados Unidos, que "há mais de um século desempenham um papel na garantia da segurança na Europa".

"É por isso que a principal prioridade da Polónia para o momento da nossa Presidência da União Europeia [EU] no primeiro semestre de 2025 será o reforço das relações transatlânticas e da cooperação entre a UE e os Estados Unidos", anunciou Duda, apontando ainda que o seu país nunca teve colónias, mas conheceu a ocupação dos seus vizinhos e defende a luta contra o colonialismo em todo o mundo e está disponível para partilhar a experiência da transição económica do período socialista para um país líder da Europa central, de modo a que "ninguém fique para trás".

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