observador.ptObservador - 20 set. 00:10

Portugal tem 12 Reservas da Biosfera com chancela da UNESCO. Vamos falar sobre isso?

Portugal tem 12 Reservas da Biosfera com chancela da UNESCO. Vamos falar sobre isso?

Quando falamos de uma Reserva da Biosfera, não falamos de um mero galardão administrativo da UNESCO, mas sim de territórios concretos. Que passa pela sua relação uns com os outros e com a natureza.

Caro leitor!

É normal que pelo ritmo frenético que tem conduzido as nossas vidas ainda não se tenha apercebido, mas existem em Portugal 12 territórios onde a natureza e o homem coabitam de forma perfeita. E não sou eu que o digo! É a própria UNESCO que reconhece estes espaços (entre 748 no mundo inteiro) como locais onde a natureza, o desenvolvimento socioeconómico e o bem-estar das populações vivem em total harmonia.

Pedia-lhe apenas alguns minutos da sua atenção para perceber do que falo e deixo já um aviso prévio: tenho muito orgulho na nossa rede nacional de Reservas da Biosfera, seja das seis que estão localizadas no continente (Boquilobo, Berlengas, Castro Verde, Gerês-Xurês, Meseta Ibérica e Tejo/Tajo internacional), como as quatro do arquipélago dos Açores (Ilhas do Corvo, Graciosa, Flores e Fajãs de São Jorge) ou as duas localizadas no arquipélago da Madeira (Santana e Ilha de Porto Santo). Aqui ensaiam-se formas de vida sustentável e em equilíbrio com a natureza.

Estas reservas integram o Programa de ciência “Man and the Biosphere (MaB)”, o “Homem e a Biosfera”.  Confesso que sou uma fã incondicional deste Programa. Foi inovador e visionário ao procurar, ainda em 1971 (daí o nome “Homem”, atualmente controverso e em reavaliação por questões de igualdade de género), conciliar a conservação da natureza e das paisagens, o desenvolvimento socioeconómico sustentável e as comunidades locais.  O lema é viver em harmonia com tudo aquilo que nos rodeia. Há melhor forma de vida?

Este programa responde aos grandes desafios da humanidade e do planeta e aos objetivos atuais das grandes Convenções, Tratados e Acordos internacionais. E as Reservas da Biosfera, em concreto, representam um modelo cada vez mais relevante e reconhecido no panorama global das estratégias de proteção, gestão e utilização dos recursos naturais e da biodiversidade.

Devo ressalvar que, quando falamos de uma Reserva da Biosfera, não falamos de um mero galardão administrativo da UNESCO, mas sim de territórios concretos. E quando nos centramos nestes territórios, caro leitor, falamos das pessoas e da sua qualidade de vida, o que passa necessariamente pela sua relação uns com os outros e com a natureza. É esta natureza que nos proporciona os serviços dos ecossistemas de que tanto precisamos e de que todos beneficiamos.

Todos os processos, porém, têm o seu tempo. Digo muitas vezes que pôr em funcionamento uma Reserva da Biosfera é um projeto de gerações. Vai-se construindo, numa abordagem com a população e com os atores locais, ganhando compromissos, o sentimento de pertença a um espaço diferenciado e a apropriação das comunidades locais por um modelo de desenvolvimento diferente.

Nos últimos dois anos houve um grupo de pessoas e de instituições de várias áreas que contribuíram para a promoção destes territórios e para a sua consolidação. Através de um projeto financiado pelo EEA Grants (Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu liderado pela Islândia, o Liechtenstein e a Noruega), com a Secretaria Geral do Ministério do Ambiente e com a coordenação da Quaternaire Portugal, desenvolveu-se um consórcio multidisciplinar com a missão de criar instrumentos para um melhor funcionamento das 12 Reservas da Biosfera portuguesas. E disponibilizou-lhes ferramentas estratégicas para uma maior valorização, desenvolvimento e visibilidade. Foram dois anos e meio de trabalho, com muita presença, contacto, visibilidade no terreno e também nas redes sociais.

Ao longo deste período foi ainda fortalecido o trabalho em rede, a cooperação e a partilha de experiências. Uma gestão que fomenta dinâmicas colaborativas e inovadoras e a promoção de atividades em setores chave como o turismo, a conservação da natureza, o empreendedorismo, a economia local, a investigação, a ciência aberta, a memória e identidade, a criação e produção cultural.

Há, nitidamente, um antes e um depois deste projeto sobre o qual vamos refletir no seminário “Reservas da Biosfera: Territórios Sustentáveis, Comunidades Resilientes“, a 28 de setembro, pelas 9h00, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Temos muito a aprender com as Reservas da Biosfera da UNESCO.

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