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″Shakhtar tenta honrar a luta e o momento difícil da Ucrânia″

″Shakhtar tenta honrar a luta e o momento difícil da Ucrânia″

Treinador do FC Porto não esquece a fase difícil que o Shakhatr Donetsk passa devido à guerra. E quer vencer "não pela debilidade do adversário, mas por aquilo que a equipa "vai fazer".

A Champions está de regresso e o FC Porto é esta terça-feira à noite (20.00, Eleven) a primeira das três equipas portuguesas a entrar em ação, frente ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, equipa que vive sob os ecos da guerra e que por esse motivo vai jogar no Volksparkstadion, em Hamburgo, na Alemanha.

Sérgio Conceição, que não poderá contar com com Marcano, Namaso e Evanilson, lesionados, e Pepê, que vai cumprir castigo, começou a conferência de imprensa por se referir ao momento difícil do adversário devido à guerra.

"Estamos habituados a ver o Shakhtar a ser a equipa número 1 na Ucrânia e a estar presente na Liga dos Campeões. Nas dificuldades as equipas superam-se, é um momento difícil para o povo ucraniano e estamos solidários. Nessa vertente mais emocional do jogo, tentam honrar a luta e o momento difícil da Ucrânia. Têm jogadores com qualidade, não tantos estrangeiros. São jogos onde temos todos os ingredientes para que seja um bom espetáculo, não pela debilidade do adversário, mas por aquilo que vamos fazer no jogo", referiu.

Lamentando a lesão de Marcano, que vai estar vários meses afastado dos relvados, e sobre as mexidas que isso o vai obrigar a fazer (contra o Est. Amadora jogou com três centrais), o técnico foi taxativo: "Os meus anos aqui foi recomeçar, foi refazer, então já estamos habituados. Dou como exemplo a última Liga dos Campeões, entre castigos e lesionados. O Marcano, o Otávio, o Galeno, estamos a falar de cinco jogadores, 50% da equipa, e agora não os temos."

Ainda sobre as constantes adaptações de jogadores, o técnico portista lembrou um dado curioso. "Nestes seis anos estreámos cerca de 40 jogadores na Champions. Olhando para 2004 e 2011, bons anos do FC Porto na Europa, havia uma espinha dorsal. Não estou aqui a falar de questões de mercado. Mas todos os dias há um recomeçar constante. Acho que este sétimo ano é como os casamentos. Há a crise do sétimo ano, como costumam dizer, mas parece que há muita gente a tentar criar confusão e instabilidade", atirou, garantindo que vai sentir esta Liga dos Campeões "como se fosse a primeira vez".
E fez depois uma confissão sobre o capitão Pepe: "Chegámos do jogo do Estrela depois das duas da manhã. Houve um jogador de 40 anos que foi para o Olival descansar, à espera do próximo treino, mesmo com família em casa. Era o que menos precisava."

Jogar por todo um país

Pela segunda época consecutiva, os jogos do Shakhtar são fora do país, o ano passado na Polónia e neste na Alemanha, país que também acolheu centenas de milhares de ucranianos que fugiram do conflito com a Rússia.

Para chegar a Hamburgo, a comitiva do Shakhtar foi obrigada a uma aventura de mais de 10 horas. Com os aeroportos fechados, a equipa foi de autocarro até à fronteira, onde passou cerca de três horas a cumprir trâmites legais, e, uma vez na Polónia, voou para a cidade germânica. "Nunca se sabe o que vai acontecer nas fronteiras. Mesmo no campeonato nacional, há muitas viagens envolvidas para jogos fora de casa. Atualmente, o normal é passarmos muitas horas em autocarros", referiu o treinador Patrick van Leeuwen.

O técnico garantiu ainda que a equipa irá "jogar por todo um país": "É a única forma de podermos ajudar a Ucrânia neste momento, dar oportunidades aos nosso jovens de jogar na Liga dos Campeões e partilhar o estado em que as coisas estão na Ucrânia."

Apesar de longe de casa, o estádio do Hamburgo vai estar esta terça-feira cheio de adeptos ucranianos, a grande maioria refugiados que vivem na Alemanha.

"É difícil adivinhar o que vai acontecer. Quando soube que íamos jogar em Hamburgo foram logo vendidos cerca de 37 mil bilhetes para cada um dos jogos da Liga dos Campeões. Isso é muito bom. Vivem aqui muitos ucranianos e todos sabemos que os alemães têm ajudado muito a Ucrânia. Queremos dar uma boa resposta no campo e conseguir bons resultados", vincou por sua vez o capitão Taras Stepanenko, deixando uma mensagem: "Os nossos soldados lutam nas batalhas e nós lutamos na arena desportiva. Portanto, é esse o nosso dever como cidadãos da Ucrânia."

nuno.fernandes@dn.pt

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