Daniel Oliveira - 5 jun. 07:45
Sempre, sempre ao lado da banca
Sempre, sempre ao lado da banca
Os certificados de aforro são a única concorrência a uma banca cartelizada. A segunda a oferecer uma remuneração mais baixa pelos depósitos, na UE. O chairman do Banco CTT disse que o Estado tinha de parar com a emissão, que lhes levaram 7,6 mil milhões dos depósitos, só no primeiro trimestre. Solícito, o governo piorou as condições e a remuneração
A banca portuguesa é a segunda a oferecer remuneração mais baixa pelos depósitos, em toda União Europeia. Como Luís Aguiar-Conraria bem explicou, num texto sobre o “cartel da banca” que recomendo vivamente, os bancos estão a pagar 1% pelo dinheiro que os seus clientes lhes emprestam, para pegarem nesse mesmo dinheiro e o colocarem a render a 3,25% no Banco Central Europeu. A margem entre estas duas taxas é o lucro que a banca nacional está a ter, sem qualquer risco, aproveitando a crise inflacionista. Nada melhor do que olhar para os outros países da zona euro, onde a banca remunera em média os seus clientes a 2%, para perceber o ultraje.
Este negócio só se confrontava com um inconveniente: existirem produtos financeiros no mercado com taxas de remuneração mais elevada. A discrepância entre as taxas pagas pela banca e as dos certificados de aforro levou a que, só no primeiro trimestre deste ano, as famílias portuguesas tenham tirado 7,6 mil milhões de euros dos depósitos banc��rios e tenham reforçado com nove mil milhões o investimento em certificados de aforro. Este instrumento tradicional de financiamento do Estado tornou-se a única fonte de concorrência de um sector bancário conhecido pelas práticas de cartelização e promessa de não agressão entre bancos.
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