www.dn.ptdn.pt - 27 mai. 08:00

O prazer sem culpa de Tarantino

O prazer sem culpa de Tarantino

Na Quinzaine des Cineastes ainda se recupera da histeria em torno do rendez-vous com Quentin Tarantino. O cineasta falou com o público e apresentou Rolling Thunder, série B de 1977. Entretanto, a Palma de Ouro tem como favoritos Jonathan Glazer, Aki Kaurismaki e Justine Triet.

A sala veio abaixo. Era a sessão mais esperada da Quinzena dos Cineastas: a carte blanche dada a Quentin Tarantino, recebido com histeria como se fosse uma rock star. E foi como rock star que se dirigiu ao público que esgotou o Teatro da Croisette: "sintam-se à vontade para serem um pouco menos franceses e gritem quando o filme pedir, deixem o vosso sangue subir à cabeça e vibrem ao som dos disparos! Tomem lá um pouco de grindhouse americana! Senhoras e senhores, Rolling Thunder, de John Flynn, numa cópia em 35 mm". Uma cópia bem velhinha deste filme-surpresa dos anos 1970 e cujo argumento é de um certo senhor chamado Paul Schrader.

E, na verdade, a sessão foi literalmente interativa e onde a violência provocou ruidosas gargalhadas e risos. Depois, conversa com a plateia, quase toda composta por fãs. O tema acabou por ser Cinema Speculation, o seu livro cinéfilo. Rolling Thunder, advinha-se, poderá ser um dos segmentos do seu próximo e derradeiro filme, The Movie Critic, cuja pré-produção arranca em junho, mesmo sem o realizador ter escolhido o protagonista.

Os favoritos que não são os do costume

Hoje conhece-se a Palma de Ouro e não há quem arrisque previsões sérias, sobretudo depois de Ruben Ostlund, o presidente do júri, ter referido que levava a peito o secretismo dos debates com os colegas, mas talvez todo o falatório em torno de Anatomie d"Une Chute, de Justine Triet, poderá influenciar a discussão. Igualmente é lícito pensar que este júri pode ser sensível ao humor rock n" roll de Fallen Leaves, de Aki Kaurismaki, ou à frieza glaciar de The Zone of Interest, a adaptação infiel de Jonathan Glazer a Martin Amis. Surpresa boa poderia ser a terceira Palma de Ouro para Ken Loach em The Old Oak ou a consagração de Bellochio em Rapito.

Do lote das grandes interpretações, os bons cinéfilos fazem figas por Benoît Magimel (La Passion de Dodin Bouffant), Sandra Huller (que está em The Zone of Interest e em Anatomie d"Une Chute), Léa Drucker (L"été Dernier), Jude Law (Firebrand) ou Natalie Portman (May December). Lembre-se que, ao contrário da Berlinale, o prémio não é unissexo: vamos ter prémio de ator e de atriz.

dnot@dn.pt

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