expresso.ptexpresso.pt - 27 mai. 12:40

António Costa: Recuperação económica "não é obra de uma qualquer mão invisível"

António Costa: Recuperação económica "não é obra de uma qualquer mão invisível"

António Costa está apostado em mostrar que está a ser feito um caminho “socialmente justo” na economia que resultou de políticas sociais e não liberais, diferentes das aplicadas na anterior crise económica

O primeiro-ministro está apostado em puxar pelos resultados da economia e mostrar que a realidade traçada pela oposição não é tão negra quanto a que existe e muito menos o é se se tiver em conta que estes resultados são-no durante uma crise económica a nível global. Este sábado, no Fórum Social que se realiza no Porto, traçou as diferenças entre o que é a sua política (e a política europeia) na resposta à crise, e a política do governo PSD/CDS e da Comissão Europeia à crise das dívidas soberanas há uma década. Mesmo não os referindo, quis vincar a comparação: “Devemos comparar estes resultados com a recuperação incompleta e difícil que tivemos depois das crises de 2009/2015, que deixou um rasto de desemprego e pobreza”.

Para o primeiro-ministro, a recuperação económica “tinha de ser uma recuperação social” e por isso ela foi “robusta e rica em emprego”. “Estes resultados que se seguiram à mais grave disrupção económica desde 1945, combinando pandemia com guerra, choque energético e inflação, não resultaram da ação benevolente de uma qualquer mão invisível. Antes pelo contrario, apenas foram possíveis devido a decisões políticas deliberadas, acertadas e concertadas com os parceiros sociais”, defendeu, argumentando que atualmente o nível de desemprego na União Europeia é de 6%.

Este discurso de António Costa acontece um dia depois de o Presidente da República ter convocado o Conselho de Estado e ter deixado no ar a ideia que apesar de o primeiro-ministro se agarrar aos resultados económicos, eles têm de ser sentidos pela população. "Quando o poder entra em descolagem em relação ao povo, não é o povo que muda, é o poder que muda”, disse Marcelo Rebelo de Sousa que, há poucas semanas, tinha avisado que os resultados económicos tinham de chegar ao bolso dos portugueses.

A resposta não foi directa, até porque desta vez António Costa preferiu mais falar da resposta europeia do que puxar pelos dados da economia portuguesa. Mas mesmo assim foi dando algumas referências. Por exemplo, disse Costa que a prova que a resposta a esta crise teve melhores resultados, que se fazem sentir pelas pessoas, é que atualmente há 75% de taxa de emprego próximo da meta de 78% para 2030 e que em Portugal esses dados estão nos 74,8% nas mulheres e 80% nos homens.

A nível europeu que teve sequência em Portugal foram importantes, disse Costa, dois aspetos: a criação do SURE, o programa que permitiu pagar o layoff a milhões de pessoas na Europa durante a pandemia, fazendo com que, disse, se “protegesse milhões de postos de trabalho”; e, em segundo lugar que tivesse ficado suspenso as regras de défice e dívida do pacto de estabilidade. “Ambas decisivas porque deram aos Estados-membros o espaço orçamental indispensável para responder à crise com a rapidez e flexibilidade” necessárias. Estas só voltam em 2024, mas estão já a ser cumpridas pelo Governo de Costa que quer manter a imagem de controlo orçamental.

Durante o discurso de cerca de vinte minutos, foi puxando pela necessidade de que não se altere a resposta europeia, apesar da inflação. “A Europa não terá crescimento económico, não será competitiva, não alcançará a sua autonomia estratégica nos setores industriais com maior potencial, se não for, também, socialmente mais justa”, defendeu. E acrescentou a necessidade de não se construírem “muros” à imigração mais uma diferença porque perante “o inverno demográfico" que existe, tal “não contribui para a competitividade da nossa economia à escala global”

A “Europa social” não pode ser apenas “um porto de abrigo em tempos de crise”, mas sim ser a "base" para garantir que “ninguém é deixado para trás” na dupla transição verde e digital.

Costa falou sobretudo da Europa, mas a pensar em Portugal. Tal como o Expresso escreveu, conta com a economia nos próximos três anos para salvar a legislatura. Resta saber se a economia que para o Presidente ainda não chegou ao bolso das pessoas suplantará o estado das instituições na avaliação do Presidente da República.

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