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E a Palma de Ouro vai para…

E a Palma de Ouro vai para…

Festival de Cannes termina neste sábado. Salaviza premiado pela terceira vez, com "A Flor do Buriti", na secção "Un Certain Regard".

Para que termina a 76ª edição do Festival de Cannes, só falta mesmo a cerimónia de encerramento, com a exibição do novo filme da Pixar, "Elemental" a seguir-se ao momento por que todos esperam há 12 dias, a entrega dos prémios da competição oficial, culminando com a tão almejada Palma de Ouro, o prémio mais importante do mundo do cinema a seguir aos Óscars.

João Salaviza, com a sua companheira Renée Nader Massora, estava numa outra seção, "Un Certain Regard", com o filme que rodou no interior do Brasil, "A Flor do Buriti", com a comunidade Krahô. Os prémios desta secção foram anunciados na sexta ao fim da tarde, e o filme venceria o Prémio Ensemble, destinado a premiar o conjunto de interpretações do filme. Este ou outro prémio, o importante foi desde logo estar em Cannes e a subida ao palco dos realizadores, acompanhados por vários membros da comunidade, para o receber, deu uma outra oportunidade para se falar ao mundo sobre a preservação das terras e da cultura dos povos indígenas do Brasil.

No palco, Renée Nader Messora começou por agradecer ao festival por os receber pela segunda vez, depois de "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", realizado pelos dois já com os índios Krahô. "Quero agradecer ao júri, pela sua sensibilidade para com este filme", continuou, agradecendo também aos distribuidores franceses e internacionais, "que vão batalhar que o filme se veja em todo o mundo, e quero agradecer a todos estes nossos amigos que tornaram o filme possível, e recordar o espírito indígena que tem estado a ser massacrado ao longo de todo o continente."

Foi a vez de um membro da comunidade Krahô pegar no microfone: "Eu vou falar do maracá, o instrumento que trouxemos para a apresentação do filme. O maracá representa o mundo, para nós. Dentro do maracá existem sementes, que somos nós. No maracá, tem um furo de cada lado, que representa a respiração, a respiração que estamos tendo neste festival. E o espírito dos mais velhos de nós e de todos que morreram nos massacres de nós está presente aqui connosco."

João Salaviza viu-se assim premiado pela terceira vez em Cannes. Depois da Palma de Ouro da curta-metragem, por "Arena", estes dois filmes sobre a comunidade Krahô saíram premiados desta seção Un Certain Regard. Muito provavelmente, o próximo filme de Salaviza e Messora estará na competiçãp. Já merece.~

É essa competição de vinte filmes que o júri presidido por Rubem Ostlund, o mais recente bicampeão de Cannes, com "O Quadrado" e "Triângulo da Tristeza". Na "bolsa de apostas" de Cannes as opiniões dividem-se entre "Zone of Interest", de Jonathan Glazer, "Perfect Day", de Wim Wenders e "Fallen Leaves", de Aki Kaurismaki, sendo que "Anatomie d"une Chute", de Justine Triet, é o filme mais bem cotado da delegação francesa.

Há quem esteja no aeroporto de Nice, o que serve Cannes, para ver quem está de regresso à cidade, chamado para estar presente na sessão de encerramento, sem saber que prémio lhe estará destinado. Mesmo assim, tentando descortinar quem estará a subir a derradeira passadeira vermelha de Cannes 2023, será difícil adivinhar quem vai levar o prémio maior, numa competição de qualidade realmente superior e onde mais de metade dos filmes merece estar no palmarés final. Para saber mais logo, ao princípio da noite, aqui em Cannes.

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